RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 36

Baixada Fluminense, uma espécie de Chefia de Polícia local, responsável pela coordenação de dezoito delegacias dos municípios da região. Essa missão foi dada ao delegado Hélio Luz que, no primeiro mandato de Brizola, ocupara o cargo de Secretário Executivo da Comissão Especial que apurava crimes ligados a grupos de extermínio também na Baixada Fluminense. Apesar das estratégias desenhadas por Brizola para tentar refrear a atuação dos matadores, os grupos de extermínio contavam uma poderosa rede de apoiadores que se ramificava dentro e fora do aparelho de Estado. Os homens da capa preta Dentre as modalidades de extermínio, a limpeza social certamente é uma das mais arraigadas. Ainda que se apoie, também, em noções individuais de justiçamento, as chacinas de limpeza geralmente estão associadas a contratos entre matadores e comerciantes. De ações pontuais contra determinados indivíduos à vigilância permanente de determinadas áreas, o recurso aos grupos de extermínio para garantir a segurança de estabelecimentos comerciais era uma prática difundida da Baixada à Zona Sul. E num ou noutro ponto do estado as principais vítimas dessa relação contratual são crianças e adolescentes suspeitas de cometerem pequenos furtos nos arredores sob sua proteção. De acordo com um levantamento feito em todas as delegacias do estado, realizado a pedido da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, apenas em 1990 um total de 445 crianças e adolescentes foram executados. O documento foi entregue pela Câmara Municipal ao coordenador do Movimento Nacional de Proteção ao Menor, Volmer Nascimento, que vinha denunciando o extermínio de crianças nos municípios da Baixada. O levantamento foi entregue por Volmer ao então Ministro da Saúde, Alcenir Guerra, que acumulava também a pasta do Ministério da Criança, como parte de um conjunto de denúncias envolvendo grupos de extermínio, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Duque de Caxias, Getúlio Gonçalves; o prefeito do município, José Carlos Lacerda; e o juiz da 4ª Vara Criminal de Caxias, Rubens de Medeiros. As graves denúncias de Volmer, encampadas pelo Ministro da Saúde, também constavam em um dossiê preparado por uma promotora que atuava no Ministério Público de Caxias. Segundo o dossiê, três empresas de segurança de fachada funcionavam como