RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 31

A guerra ao tráfico também influenciou de outras formas no agravamento das chacinas e execuções sumárias praticadas por agentes de estado no Rio de Janeiro. Extorsões contra traficantes se tornaram uma prática relativamente comum na capital. Os sequestros de líderes ou membros das quadrilhas libertados em troca de resgate não raro resultavam no assassinato dos mesmos, ainda que o valor solicitado fosse pago. A Chacina de Acari, quando onze jovens foram sequestrados e mortos por policiais, é um exemplo desse novo contexto. Na origem do sequestro e assassinato desses onze jovens estava justamente uma tentativa de extorsão. Simultaneamente, a violência das blitz nas favelas, pretensamente em razão de coibir o tráfico, era empregada como forma de negociar o arrego pago pelos criminosos à polícia. A pressão exercida pela polícia, nesses casos, muitas vezes implicava na execução sumária de indivíduos pertencentes aos grupos locais, mas também, com grande frequência, de moradores inocentes. Essa dinâmica, que ainda se encontrava em seus momentos iniciais, viria a se perpetuar como prática institucionalizada alguns anos depois, com altíssimo custo em vidas para a população. As prioridades da gestão Moreira Franco foram sintetizadas na declaração do então Subsecretário de Polícia Civil, Heckel Raposo: