RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 32
O mais importante pra mim agora é atacarmos o tráfico de entorpecentes.
Essa deve ser a prioridade 1. Depois vem a segurança da população como
segunda prioridade [JB, 15/09/87].
Prólogo
Os anos seguintes de Moreira pouco apresentaram em termos de novidades quanto às
estratégias para a segurança pública do estado. É possível afirmar, inclusive, que a única
condução política da área se deu no âmbito da desconstrução e destruição das políticas
incipientes de segurança cidadã implantadas por Brizola em meio à travessia
democrática. A polícia, com farda, distintivo ou na forma de grupos de extermínio,
passou a agir livremente em todo estado, com direitos de vida e morte sobre os
cidadãos. Contando com a impunidade nascida da visão compartilhada que detinham
junto a juízes e promotores sobre o caráter descartável da vida de negros pobres da
favela, o Rio de Janeiro viveu sob o signo da repetição, cada vez mais grave, das
mesmas manchetes tristes tão comuns nos tempos da ditadura. “No feriadão, 33
pessoas foram mortas no Grande Rio” [O Globo, 13/10/87]; “25 mortos na
madrugada violenta do Grande Rio” [O Globo, 09/04/88]; “121 assassinatos em 6
dias” [JB, 11/04/89]; “Mais de um assassinato por hora: 36 pessoas foram achadas
mortas no Grande Rio nas últimas 24h” [O Globo, 19/02/90].