RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 13

[O Globo, 09/03/1983]. Um dos pontos dignos de nota da reunião se refere a um código de ética policial elaborado pelos presentes no intuito de evitar a violência policial. Apesar de anos de violência, e de um provável e compreensível ressentimento quanto aos agentes de segurança do estado, as demandas das associações de bairro e das favelas Rio de Janeiro afora confluíam para a necessidade de uma polícia justa, humana, com maior capacitação técnica e próxima das necessidades e vicissitudes dos moradores. Os anseios democráticos dos cidadãos na sua futura relação com as polícias coincidiam com os conteúdos que definem, atualmente, o conceito de segurança cidadã e, também, com o tipo de política pública de segurança que Brizola pretendia implantar. De fato, as ações do seu governo nesse campo se apoiavam em mudanças profundas na estrutura e comportamento das forças policiais; no engajamento direto das autoridades públicas na resolução desses problemas, e na autonomia política e social das favelas. Este último ponto, por sua vez, se traduzia em investimento maciço na construção de escolas; na regulação fundiária; e na incorporação à vida pública, por meio de canais de denúncia, mas também pela via propositiva, dos moradores das favelas do Rio de Janeiro.