RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 4
diretamente por agentes públicos ou sob sua conivência constituem o produto final de
uma cadeia de decisões políticas em interação. No universo de atores e instituições,
governadores, coronéis, secretários, juízes, promotores, políticos e os próprios policiais
atuam, com diferentes intenções e resultados, no aumento ou diminuição das execuções.
Por dedução lógica, as chacinas e execuções são políticas. É para este quadro que a
pesquisa se voltou. Mais precisamente, investigar de que forma as políticas de
segurança pública dos gabinetes se relaciona com os assassinatos cometidos por seus
funcionários.
Metodologia
Tendo em vista o caminho definido para a pesquisa, a primeira decisão em termos de
recorte foi a de trabalhar apenas com informações públicas. E públicas não no sentido
potencial, como, por exemplo, nos garante a lei de acesso à informação. Pública no
sentido de tangível, cotidiana. Assim, todos os casos, todos os episódios da vida
política, depoimentos e informações aqui retratados foram levantados a partir de
notícias de jornal.
A base de dados da pesquisa partiu da análise de 10.831 reportagens retiradas levantadas
nos acervos digitais dos jornais de maior circulação no estado, o jornal O Globo e o
Jornal do Brasil. Além do periódico Ultima Hora, que serviu para levantar casos e
informações envolvendo grupos de extermínio na ditadura. Desse conjunto de
reportagens foram selecionadas 2.200 notícias que foram pesquisadas a partir de
diferentes palavras-chave, como “violência policial”, “direitos humanos”, “segurança
pública”, “chacina”, entre outras. A abrangência da pesquisa percorre os anos de 1983 a
2018. O marco inicial, que se dá ainda sob o regime autoritário, foi escolhido por duas
razões. A primeira delas diz respeito ao singular processo eleitoral de 1982, as primeiras
eleições diretas para governador desde a ditadura. Leonel Brizola foi, portanto, eleito
democraticamente. Contudo, o mais importante, é que as políticas experimentais de
Brizola no campo dos direitos humanos e no vislumbre de uma polícia moderna e
cidadã constituem um marco sobre o qual todos os governos seguintes, por adesão ou
explícita oposição, se orientaram.
A narrativa escolhida para tratar dessa história social da segurança pública e dos direitos
humanos também não deixou de apresentar seus dilemas. De que forma apresentar as