Muitos negócios no mercado fitness fecharam as portas nos últimos dois anos. Os empreendedores e gestores explicaram seus insucessos colocando a culpa na crise econômica.
Sinceramente, acredito que muito poucos realmente tiveram que fechar por consequências do avanço da crise. É no mínimo uma loucura tocar a operação de uma academia ou estúdio da forma que a maior parte do mercado funciona. Para começar, não existe nenhuma preocupação em realizar uma análise estratégica de mercado; por este motivo, já podemos imaginar que não existem metas e planejamento. Se não existem metas e planejamento, também não há gestão. Sem dúvida, essa é a verdadeira fórmula mágica para esse caos que estamos assistindo no setor.
As decisões estratégicas são tomadas por emoção ou medo. Não foram poucos os relatos de gestores ou empresários que diminuíram o preço dos seus planos nas suas academias, por simplesmente descobrirem que teriam como concorrentes academias com modelo de negócio Low Cost (mensalidade de R$ 59,00). O foco exacerbado em vender, vender, vender e vender negócios que não atendem a expectativa do consumidor, potencializa esse cenário de academias que findaram precocemente suas operações.
Utilizando a expressão da moda popular, “sem mimimi” a primeira coisa que muda em 2017 é que o mercado fitness nacional não tem mais espaço para amadores. Em outras palavras, quem não fizer o “mínimo para entrar no jogo” vai quebrar. A crise econômica foi uma grande ameaça para a continuidade do crescimento do 2º maior mercado do mundo em número de academias e 4o em número de clientes. Mas o mercado fitness não está em crise, não retraiu;
muitas academias fecharam, por outro lado, muitas abriram, algumas redes aumentaram de tamanho e outras foram formadas. Em maio desse ano, completaremos 2 anos de Léo Cabral Consultoria, temos uma estatística interna que nos proporciona afirmar que a cada 37 clientes potenciais ou clientes atendidos pela consultoria, apenas 1 possuía planejamento e gestão financeira da sua academia. Ou seja, a culpa não é da crise.
As academias, estúdios, escolas de natação, entre outros modelos de negócio, funcionam sem orçamento, por isso o gerente e o coordenador não sabem quanto gastam ou quanto podem gastar. Quando perguntamos qual é o ticket médio do negócio ou quantos clientes precisam para atingir o ponto de equilíbrio (break even point), a resposta é não sei ou olha no sistema. Olhar no sistema? Sistema operacional, qualquer que seja, é uma ferramenta e ainda não toma decisões. Desculpe, pare de colocar a culpa na crise econômica, isso está virando uma “lenda urbana”. Os consumidores buscam as academias para emagrecer, tratar e prevenir doenças, diminuir as suas dores, conhecer novas pessoas entre muitos outros objetivos e sequer são bem atendidos. Não existe sequencialidade ou preocupação com a experiência do cliente durante o atendimento da maioria das academias do nosso país. Se sua academia é diferente de tudo que escrevi até agora, PARABÉNS, você é uma grande exceção nesse grande caos que é o mercado brasileiro!
Especialmente, a redação desse artigo me trouxe um esforço muito maior do que os demais artigos escritos para esta revista ou para outros veículos de comunicação. Após dois anos seguidos de recessão e a incerteza se teremos a retomada da economia em 2017, eu me senti na responsabilidade de passar aos leitores dessa revista toda a
minha experiência e as informações mais atualizadas que pudessem ajudar ao processo de tomada de direção de negócios no ano que acaba de chegar. Tenha a certeza que li os principais artigos, livros e revistas nacionais e internacionais, bem como assisti às principais palestras pela internet que pudessem me ajudar a trazer importantes reflexões na redação desse texto.
O crescimento do mercado fitness
Uma pergunta que não falta após uma palestra quando falamos do mercado fitness brasileiro é: o mercado fitness já atingiu a sua maturidade? Em outras palavras, o mercado fitness vai parar de crescer? Eu não tenho dúvida em afirmar que o mercado fitness no Brasil ainda irá crescer muito. Isso é fato, pois se olharmos as oportunidades que temos, como por exemplo, o alto índice de sedentarismo em nosso país (46% da população brasileira é sedentária), associado ao fato que apenas 5% da população brasileira faz exercícios em academias, estúdios ou clubes, não tem como não pensar em crescimento. Quando comparamos com mercados mais maduros como Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra que possuem entre 12% e 16% da população fazendo exercícios em academias, esses números validam a oportunidade de crescimento do nosso setor.
Estratégia Competitiva
leonardo cabral
CEO da Léo Cabral Consultoria
Novembro - Dezembro / 2016 | Empresário Fitness & Health | 09