4 de julho – 22h30
Eu ainda estava navegando na onda essa noite. É como um instinto superior onde eu
tenho certeza que ainda estou fodido e os problemas estão se acumulando em torno de
mim, mas não me importo. ELE provavelmente está planejando SEU próximo ataque, mas
foda-se ELE e Santos. Carla estava longe de sua cela e eu entrei para visitar Reynaldo, que
estava desanimado na parede de trás em um tijolo solto onde Carla lhe permitiu vaguear
enquanto ela estava fora. Eu o atraí para fora com um pequeno lanche. Acho que ele me
aceitou oficialmente – não dizendo que somos amigos ou nada, apenas dizendo que o rato
está comigo. Sim, eu ouvi a mim mesmo... estou falando da aceitação de um rato. Eu
entendi.
5 de junho – 06h35
Bem acordado. Foi assim a noite toda. A alta se desgastou e o terror voltou, então eu
decidi me manter acordado a noite inteira. Meus olhos estão queimando, mas pelo menos
ninguém está me serpenteando. Pelo menos meu pescoço não está sangrando. Pelo
menos meus dedos ainda estão lá. Pelo menos não há uma bala alojada no meu cérebro.
Isso é tortura.
5 de junho – 09h46
Eu não consegui focar em nada do que Leon tinha a dizer essa manhã. Estou um pouco
fragilizado e tremendo desde os ataques de ontem. Espero que esses dois ataques sejam
DELE e que eu não tenha os capangas de Santos atrás de mim também. Eu só disse ao Leon
que eu não conseguia dormir e estava cansado. Ele parecia preocupado porque eu ficava
olhando para o assento ao lado dele. Estava vazio, mas eu fiquei esperando ELE aparecer e
rir de mim. Acho que isso me fez parecer um pouco estranho.
5 de junho – 13h32
Almoço. Nenhum sinal DELE.
5 de junho – 15h58