Recente Presente - Breve história da imigração coreana em São Paulo Recente Presente | Page 24
porções, reclamar de jogador X e Y, xingar o juiz, fazer apos-
tas. Coreanos-brasileiros, fazendo aquilo que já está mais do
que enraizado na nossa cultura e que é algo corriqueiro na
vida da maioria: falar de futebol.
Obviamente, que cada um tem seu time do coração, mas
grande parte da colônia coreana que cresceu próximo ao
Bom Retiro, tem um carinho enorme pelo Corinthians, como
se o clube fosse gente, fosse alguém da família.
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MARCAS E MUROS
Apesar de grande parte da imigração sair do interior e ir
para São Paulo, durante muito tempo, principalmente na
década de 60 e 70, os imigrantes que vinham para o Brasil
eram mandados para a área rural de diversos estados bra-
sileiros, concentrando-se mais na parte sudeste, sul e cen-
tro-oeste. Aos poucos, eles iam deixando as fazendas e indo
para a área urbana.
Pelo menos 90% da colônia vive em São Paulo. Segundo
dados do Consulado Geral da República da Coreia em São
Paulo, estima-se uma população de 50 mil pessoas entre
imigrantes e descendentes.
Enquanto contavam as moedas para comprar pão e manti-
nham a família otimista sobre dias melhores, os coreanos fo-
ram à luta e o comércio foi a grande saída que encontraram,
mas nada é tão simples quanto parece. Em qualquer lugar que
for, seja no Bom Retiro, Liberdade, Paulista ou Brás e conver-
sar com algum coreano a respeito do assunto, a palavra “difí-
cil” é facilmente ouvida. Pra se chegar na forma em como co-
nhecemos hoje, tendo muitas vezes um lugar fixo e lojas bem
estruturadas, o famoso de “porta em porta” foi fundamental.
Tudo era muito novo, tudo era muito recente, as memó-
rias queimavam feito brasas. Conflitos atrás de conflitos, a
dominação do Japão, primeira e segunda guerra mundial, a
separação das Coreias, deixar seu país pra trás e chegar em
um novo completamente diferente, sem falar o idioma, mui-