Comunidade dos Oito - Timor Leste
A
Ser Jovem em Timor Leste: o desafio de um renascer anunciado
ciais e da juventude. A área da Juventude é coordenada pelo Ministério da Educação, Cultura, Juventude e Desporto. Este é responsável pela concepção, execução, coordenação e avaliação da política nestes sectores cabendo-lhe igualmente a implementação de políticas específicas para a juventude. Deve ser estabelecido um diálogo e uma parceria importante entre o Ministério e as Associações Juvenis. O conhecimento mútuo potenciará a mobilização voluntária dos jovens para a reconstrução do país. Vários são os problemas que os jovens Timorenses enfrentam. O desemprego é sem dúvida o mais grave de todos. Por outro lado, não tem havido capacidade, por ve: a educação e o emprego. Em termos de recursos humanos, a aposta na educação formal e informal é de extrema relevância pois os índices de analfabetismo são elevados (metade da população, no caso das mulheres 64%) e a rede escolar está ainda bastante destruída. É fundamental descentralizar e desenvolver a educação comunitária nos sucos (aldeias) e investir na formação técnica especializada, como suporte ao desenvolvimento do sector público e privado. Torna-se urgente desenvolver o ensino do português e das línguas estrangeiras. É também importante apostar na educação para a cidadania, por forma a clarificar e transmitir informação; e incentivar a discussão e o debate entre as organizações de juventude e os jovens em geral sobre a nova realidade política do país. No que concerne a sensibilização e a educação para a saúde há ainda muito a fazer. Algumas ONG internacionais têm trabalhado nesta matéria, mas o debate nacional, por exemplo sobre as doenças sexualmente transmissíveis, é bastante incipiente. Do ponto de vista do emprego, a criação de postos de trabalho deve ser implementada tendo em conta as necessidades do país e a sua capacidade em termos de recursos. Deve ser repensado o equilíbrio entre o meio rural e o meio urbano, a fim de incentivar a fixação dos jovens também nas zonas rurais. A aposta na formação dos recursos humanos das empresas é essencial se quisermos que a economia timorense se torne competitiva na sub-região. São portanto muitos os desafios que se colocam aos jovens desta nova Nação do sol nascente. Para ultrapassar com sucesso estes desafios, os timorenses terão que encontrar o equilíbrio que lhes permita, respeitando o passado construir o futuro.
história de Timor demonstra a força, o optimismo e a coragem da juventude Timorense. Na verdade, esta desempenhou um papel fundamental durante a luta de resistência e de libertação nacional. Os jovens, sendo reconhecidamente dinâmicos, facilmente se adaptaram a diferentes e complicadas situações. Acreditavam que um dia o seu país ia ser independente e estavam dispostos a morrer por esta causa. Por terem sido os primeiros a pegar em armas e a começar a guerrilha, muitos desistiram da escola ou não acabaram a faculdade. Os jovens que conseguiram fugir para a Austrália ou para Portugal, como refugiados, puderam continuar a estudar. Havia também os que estudavam na Indonésia e que aí se relacionaram com os grupos de jovens de defesa dos direitos humanos. Estes grupos de jovens indonésios viriam a desempenhar um papel extremamente importante na campanha de sensibilização internacional para a independência de Timor Leste. Os que deixaram Timor Leste, possuem um nível de escolaridade superior, falando fluentemente inglês e alguns português, o que lhes confere uma mais valia importante na entrada para o mercado de trabalho. Podem hoje comunicar melhor com as entidades internacionais, presentes no país, e com o exterior. A juventude timorense construí-se, do ponto de vista político e sociológico, na resistência e na violência, o que influenciou o seu carácter e o seu desenvolvimento intelectual. Apesar disso ela deve ser encarada como um grupo de pressão interessado no desenvolvimento da comunidade. Este grupo de pressão não deve ser visto como um inimigo ou um grupo anárquico. Do ponto de vista político, a juventude deve continuar a ter um papel importante no desenvolvimento do país, participando activamente na definição das políticas so-
parte das lideranças políticas, de incluir os jovens no novo cenário político de Timor. Estes sentem-se excluídos. Consideram que ninguém tem em consideração o seu contributo no processo de libertação de Timor Leste e manifestam o seu desagrado através de actos de violência organizada. Muitos deles não falam o português, língua oficial de Timor Leste, o que reduz o seu acesso aos empregos públicos. Outros não falam inglês. O inquérito às famílias de 2001 revelou que apenas 5% dos Timorenses falam português e apenas 2% inglês. 82% da população fala Tetum e 42% sabe falar bahasa (língua indonésia). Assim, são duas as áreas fundamentais a desenvolver para que a inserção social dos jovens no novo Timor Leste se efecti-
Raízes 12
Ana Paula Fernandes