pés no chão: o São Dimas que vivemos
Lembranças
por Geovanna Chan Simão
E
m uma tarde de sábado, fui à casa da minha avó,
na Rua Alberto Maschio. Ela tem 74 anos, olhos
claros, cabelo preto e é um doce de pessoa. Como de costume,
sempre me contava uma história muito emocionante, que
deixava aquele gostinho de quero mais. Nessa tarde, fiquei
curiosa para saber qual história emocionante ela contaria.
Me lembro como se fosse ontem, quando seu avô
viajou para os Estados Unidos em busca de uma vida
melhor. Sua mãe tinha 14 anos de idade e seus tios tinham
de dois a quatro anos de diferença.
Logo depois que ele foi, ligava quase todos os dias
para uma vizinha nossa que tinha telefone em casa. Ela
nos chamava para ir até lá conversar com ele. Além das
ligações, ele mandava cartas e dinheiro. Sua mãe e seus tios
ficavam muito alegres, mas ainda sentiam falta dele.
Quando não recebíamos a ligação, eles mesmos iam
ao orelhão da Rua Presidente Faria para ligar. Ficavam
bastante tempo e com várias fichas nas mãos. Um tempo
depois, seu avô parou de ligar, nem mandava cartas.
Começamos a ficar preocupados. Tentamos entrar em
contato com ele, mas não conseguimos.
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