Pés no Chão Pés no Chão | Page 58

pés no chão: o São Dimas que vivemos Lembranças por Geovanna Chan Simão E m uma tarde de sábado, fui à casa da minha avó, na Rua Alberto Maschio. Ela tem 74 anos, olhos claros, cabelo preto e é um doce de pessoa. Como de costume, sempre me contava uma história muito emocionante, que deixava aquele gostinho de quero mais. Nessa tarde, fiquei curiosa para saber qual história emocionante ela contaria. Me lembro como se fosse ontem, quando seu avô viajou para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Sua mãe tinha 14 anos de idade e seus tios tinham de dois a quatro anos de diferença. Logo depois que ele foi, ligava quase todos os dias para uma vizinha nossa que tinha telefone em casa. Ela nos chamava para ir até lá conversar com ele. Além das ligações, ele mandava cartas e dinheiro. Sua mãe e seus tios ficavam muito alegres, mas ainda sentiam falta dele. Quando não recebíamos a ligação, eles mesmos iam ao orelhão da Rua Presidente Faria para ligar. Ficavam bastante tempo e com várias fichas nas mãos. Um tempo depois, seu avô parou de ligar, nem mandava cartas. Começamos a ficar preocupados. Tentamos entrar em contato com ele, mas não conseguimos. 58