De acordo com Vigotski, o processo de apropriação do conhecimento – da significação dos símbolos culturais – só ocorre quando houver condições externas que auxiliem a criança durante este aprendizado. Quando falamos do desenvolvimento infantil, esse objeto de mediação é, na maioria das vezes, um adulto com o qual a criança tenha contato.
Se pararmos para pensar em uma visão psicossocial da experiência de enfermaria pediátrica, de uma criança quando submetida a um sistema de internação em um hospital, vimos que ela muda totalmente a sua rotina, e ocasionalmente pode vir a perder alguns de seus contatos sociais por deixar seu cotidiano, como, por exemplo, ir à escola e brincar com os colegas. Assim, no ambiente hospitalar a mediação de instrumentos e simbologias por meio dos adultos deve inteirar a hospitalização das crianças, para que não ocorra nenhum comprometimento em seu desenvolvimento.
Segundo o artigo “A equipe de saúde como mediadora no desenvolvimento psicossocial da criança hospitalizada”, publicado na revista Psicologia em Estudo, da Universidade Estadual de Maringá, os profissionais da saúde do hospital-escola do Estado de São Paulo, relatam a importância do brincar e do lúdico no espaço hospitalar, mas não percebem que essas atividades podem ser consideradas mediadoras no desenvolvimento potencial da criança. Para Vigotski, "o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento", pois cria uma zona de desenvolvimento proximal, já que quando a criança brinca, seu comportamento vai além do habitual de sua idade, como se ela fosse maior do que na realidade é. Neste estudo, os profissionais admitem a importância dessas atividades para diminuir os efeitos negativos da hospitalização mas não acreditam na relação dessas atividades com o desenvolvimento da criança.
O lúdico e o sistema hospitalar
aTUAmente /Junho, 2015 12