Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 22

como perguntar. Então, ele colocou a mão em sua coxa e ela teve que lidar com outra questão. Ela negou com a cabeça. Doença, gravidez, ago- nia impotente e solitária... Não. Ele massageou a coxa dela com delicadeza e sor- riu, com incredulidade óbvia. Havia três anos que ninguém a tocava. Ela não que- ria que ninguém a tocasse. Como arriscar trazer uma criança para este mundo mesmo se o pai estivesse disposto a ficar e ajudar a criá-la? Mas era uma pena. Obsidian podia não saber o quanto era atraente: jo- vem, provavelmente mais jovem do que ela, asseado, pedindo o que queria, em vez de exigi-lo. Mas nada disso importava. O que eram alguns instantes de pra- zer comparados a toda uma vida de consequências? Ele a puxou para perto de si e, por um momento, ela se permitiu desfrutar da proximidade. Ele tinha um cheiro bom; masculino e bom. Ela se afastou, relutante. Ele suspirou, esticou o braço até o porta-luvas. Ela ficou tensa, sem saber o que esperar, mas tudo que saiu dali foi uma caixa pequena. O que estava escri- to na caixa nada significava para ela. Não entendeu até que ele rasgou o selo, abriu a caixa e tirou um preservativo. Ele olhou para ela, que logo desviou o 17