Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 8
Enquanto a segunda briga dispersava os passa-
geiros assustados, uma mulher sacudia o ombro do
motorista e resmungava apontando para a briga.
O motorista rosnou de volta pelos dentes expos-
tos. Assustada, a mulher se afastou.
Conhecendo os métodos dos motoristas de ônibus,
Rye se equilibrou e segurou na barra do assento à sua
frente. Quando o motorista pisou no freio, ela estava
preparada e os adversários, não. Eles caíram nos as-
sentos e sobre os passageiros, que estavam aos gritos,
criando ainda mais caos. Mais uma briga começou,
no mínimo. No instante em que o ônibus parou total-
mente, Rye estava de pé, empurrando a porta trasei-
ra. No segundo empurrão, a porta abriu, ela saltou,
segurando a mochila em um dos braços. Vários ou-
tros passageiros vieram atrás, mas alguns ficaram no
ônibus. Os ônibus eram tão raros e imprevisíveis ago-
ra que as pessoas os pegavam em qualquer oportuni-
dade, não importando o que acontecesse. Talvez não
houvesse outro hoje ou amanhã. As pessoas começa-
vam sua jornada caminhando e, se viam um ônibus,
faziam sinal. As que, como Rye, faziam viagens inter-
municipais de Los Angeles a Pasadena planejavam
acampar ou arriscavam procurar abrigo com mora-
dores locais que poderiam roubá-las ou assassiná-las.
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