— Com todo prazer — respondeu Yeyezu , fechando os olhos .
Então Ehiru inclinou-se e beijou a fronte do homem . Uma pele febril , delicada como papiro , desfranziu-se ao toque de seus lábios . Quando ele se afastou e pôs a jungissa no local onde dera o beijo , a pedra tremeu ao contato de sua unha e então passou a vibrar de maneira quase imperceptível . Yeyezu caiu no sono e Ehiru colocou as pontas dos dedos nas pálpebras do ancião para começar .
Na relativa calmaria da noite da cidade , lá dentro ouvia-se apenas o som de respiração : primeiro de Ehiru e de Yeyezu , depois só de Ehiru . Envolto por aquele novo silêncio , pois a jungissa parara de vibrar com o fim do sonho , Ehiru levantou-se por alguns instantes , deixando a languidez do sangue onírico recém- -coletado se espalhar por seu corpo . Quando julgou ser o momento certo , tirou outro enfeite do compartimento à altura do quadril , uma pequena esfera de obsidiana em cuja face lisa fora incrustada uma rosa de oásis , as fissuras cheias de tinta em pó . Pressionou o entalhe cuidadosamente sobre o peito despido , magro e imóvel de Yeyezu , deixando sua assinatura naquela obra de arte feita de carne . O sorriso que perdurava nos lábios frios do idoso ficou ainda mais bonito .
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