Primeiros Capítulos | Lua de sangue | Page 10

melífluas espirais em tons de ametista e verde-mar . Fazia os casebres parecerem bons e robustos , caminhos de tijolos de argila reluziam como se cobertos de prata . Nas estranhas sombras da lua , um homem poderia se agachar no parapeito umbroso de uma construção e tornar-se apenas um tênue entalhe contra o cinza marmóreo .
Nesta terra , esse homem seria um sacerdote , determinado ao mais sagrado dos seus deveres .
Não só as sombras colaboravam com a furtividade do sacerdote . Um longo treinamento amortecera-lhe a pisada contra a pedra e , de qualquer modo , os pés estavam descalços . Trajava parcas vestimentas , contando com o tom escuro da pele para se camuflar enquanto espreitava , orientado pelos sons da cidade . O choro de um bebê em um prédio de apartamentos do outro lado da rua ; ele deu um passo . Uma risada vários andares abaixo do parapeito ; ele se endireitou ao chegar à janela desejada . Um grito abafado e sons de uma briga em uma viela a um quarteirão de distância ; ele parou , prestando atenção e franzindo o cenho . Mas o tumulto parou quando o som de sandálias ecoou nos paralelepípedos , desvanecendo à distância , e ele relaxou . Quando os gemidos do jovem casal no apartamento ao lado
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