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«Onde se encontra o Rei dos Judeus, que hoje nasceu?»,
procuravam saber os forasteiros. Mas nas ruas, as pessoas a quem
dirigiam tal pergunta, em vez de responder, apertavam o passo, o
medo estampado no rosto. Era preciso estar a par da situação de
Jerusalém naqueles anos para entender até que ponto aquela pergunta se revelava inconveniente e inoportuna. Dificilmente, porém,
aqueles peregrinos vindos de tão longe poderiam dar-se conta de
sua imprudência. É provável até que ignorassem por completo o
que estava acontecendo na Judéia sob o reinado de Herodes.
A vida deste soberano, chamado pelos bajuladores de
Herodes, o Grande, poderia dar margem e material suficiente a
diversas tragédias semelhantes a Macbeth2. Tendo ele se apossado
do poder com o apoio dos romanos e contra a vontade do povo,
procurava angariar a simpatia de todos a qualquer custo. Mas,
durante os trinta e três anos de seu reinado, apesar das aparências de grandiosidade, o descontentamento do povo com ele só
aumentava.
Homem cruel e presunçoso, vítima contínua das paixões,
Herodes estava bem distante das questões religiosas tão caras aos
judeus de seu tempo. As intrigas da corte, as mulheres, as guerras
e uma certa febre de construção absorviam-no por completo.
Sob seu comando, o país readquiriu autonomia. Herodes X[