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No tempo do rei Herodes
Ano 4 a.C.
Voltemo-nos, agora, com o pensamento para a Judéia dos
últimos meses do reinado de Herodes.
Acostumados com a presença na cidade de peregrinos provenientes dos países mais longínquos, é provável que os habitantes
de Jerusalém nem tenham notado uma caravana de forasteiros
que atravessava as ruas naquele inverno do ano 750 da fundação
de Roma. Mas, não demorou que se começasse a falar deles na
cidade, tão logo se soube que procuravam o “rei da Judéia”, tanto
mais que não se referiam de modo algum a Herodes, mas a outro rei que acabara de nascer. «Vimos a sua estrela surgir no céu
e viemos homenageá-lo», explicavam os estrangeiros. Eles eram
sábios orientais, adivinhos que, perscrutando o céu, haviam lido
nele o sinal premonitório de um grande Senhor1. O fato de terem
vindo procurá-lo justamente em Jerusalém não deve ter espantado
ninguém, pois todos conheciam bem a profecia em torno de um
misterioso Homem da Judéia que um dia seria senhor do mundo
inteiro (cf. Tácito, História, V, 13; Suetônio, Vespasiano, 4; Flávio
Josefo, Guerra judaica, VI, 5, 4).
1) As tentativas para explicar o fenômeno da estrela dos Magos são inúmeras (fenômeno sobrenatural, cometa, a supernova que os astrônomos chineses confirmaram
naqueles anos, a aproximação dos dois planetas “reais”, Júpiter e Saturno, ocorrida
no ano 7 a.C.). Alguns exegetas vêem na descrição dos Magos uma alegoria criada
para mostrar a participação dos pagãos no nascimento de Cristo. Os Magos são
chamados no texto grego dos Evangelhos de Magoi, palavra que designava os sacerdotes do culto persa. Durante o reinado de Herodes, os contatos entre judeus
e partos, que dominavam a Pérsia na época, eram muito freqüentes (cf. Flávio
Josefo, Antiguidade judaica, XVII, 2, 1).
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