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com minha mãe. Podia estudar, trabalhar, porque
minha família me dava as condições para isso.
Na escola tive o contato com a droga. Um amigo
gostava de usar, eu me aproximei dele e usei: tinha
quinze anos. Fui me aprofundando aos poucos
nas drogas, fui me afastando da família e me
aproximando dos drogados. Meu vocabulário foi
mudando, minha maneira de ser também, porque
me identificava agora com um drogado. O vício era
tanto que precisei roubar para me manter nele,
inclusive as coisas de casa, dos meus irmãos.
Neste período minha mãe me internou em três
hospitais psiquiátricos, mas eu não conseguia
ficar, devido o tratamento de remédios. Quando
saía, voltava à vida das drogas.
Muitas vezes fui preso. Chegou a tal ponto que
minha mãe me convidou a sair de casa, porque a
polícia estava sempre atrás de mim.
Fui então morar numa pensão. Na frente dela havia um escritório de contabilidade onde trabalhei
cinco anos para me manter fora de casa e, sobretudo, para continuar no vício. Aqui me afundei pra
valer nas drogas. Sempre minha mãe passava lá
em frente e me via com outros drogados. Percebia
que não estava bem. Foi quando me perguntou
se eu não gostaria de me recuperar na Fazenda
da Esperança2, porque ela já estava cansada de
me internar em hospitais. Concordei.
Fiz a carta do pedido e aguardei ansioso a
resposta. Ela veio. Chegando na Fazenda,
imaginava, como nos filmes, que seria uma
colônia penal, onde se trabalha acorrentado,
vigiado pela polícia. Mas já na entrevista vi que
2) Ver em: “Sementes de inclusão”, pp. 113-117.
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