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pensar mundo unido
DEUS É BELEZA
Deus é beleza e ama
as coisas belas.
(Maomé)
Minha experiência
Certa vez, um jovem brasileiro me disse: «No Brasil, você é
conhecido como um grande artista que deixou a arte por Deus».
Apesar do aspecto amplamente elogioso desse “reconhe
cimento”, não me sinto como alguém «que deixou a arte por
Deus». Tive força de deixar tudo para seguir Jesus porque, num
determinado momento encontrei, como única realidade expressa, aquilo que, no mais profundo de mim, coincidia: o chamado
de Deus e o chamado do Belo.
Durante anos, havia procurado resolver esta dialética: Deus e
beleza — ou, ao menos, arte e religião, que me pareciam em
desacordo; santidade e vida de artista (vida de boêmia) pareciam
termos contraditórios. Mas, para mim eram uma coisa só, a tal
ponto que minha própria fé em Deus foi fortemente abalada pelo
pensamento que me ocorreu durante a adolescência, de confundi-la com a experiência estética, dando ao Belo o nome de Deus.
Era — estou convencido disso — uma experiência que
constituiu a minha identidade, no sentido que se ligava às minhas
primeiras lembranças de criança e que nunca se desmentiram;
pelo contrário, sempre se renovaram.
Minha primeira experiência religiosa, na verdade, foi simul
tânea à minha primeira experiência estética. Eu tinha três anos e
meio. Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, assisti ao
bombardeio sobre minha cidade, a alguns quilômetros de distância. Mas, aquela noite estrelada e as luzes do bombardeio
imprimiram-se em minha mente e em minha alma como pura
beleza e perfeita paz em Deus. Aquele Deus a quem os meus
familiares rezavam naquele momento que, para eles, era desastroso e cheio de ameaças.
Depois, nos dias de minha infância e juventude, a alternância
contínua do chamado para seguir Jesus — que na minha cabeça
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