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pensar mundo unido
idéia nova, impensada e impensável: a sua arte será viver Maria,
no sentido de dar Jesus Beleza ao mundo, e este será também o
seu sacerdócio, pois, na verdade, só Maria pode dizer: «Este é o
meu corpo». O seu sacerdócio será, através de suas obras, dar
corpo à beleza de Deus. E se, um dia, você for sacerdote, a sua
arte será perfeita, porque suas palavras transformarão uma matéria-prima — o pão e o vinho — na própria Beleza, e não mais em
uma obra de arte.
Visão estética do mundo
No inverno de 1961, aconteceu um episódio estranho que
me parece importante. Viajávamos, em dois carros, rumo ao leste
da França. De repente, voltei-me para cumprimentar o pessoal do
segundo carro. No céu, o Sol estava se pondo e fiquei observando-o longamente. Ainda hoje tenho nos olhos a lembrança da
sua beleza que me comoveu profundamente. O Sol parecia viver,
palpitar como um coração, dançar no azul límpido de um céu
puríssimo.
Eu estava fora de mim. O coração batia muito lentamente.
Quase não respirava mais. Num instante, saíram do Sol dulcíssimas ondas de luz, como uma respiração que se difundia pelo
céu inteiro, alternando todas as cores do arco-íris.
Essa “visão” durou cerca de meia hora. Eu estava preocupado
com a idéia de que os outros companheiros de viagem perce
bessem isso. Não sabia o que pensar. Lembrei-me do milagre de
Fátima, mas não era igual. Via o Sol como imagem de Cristo, e
procurava a Lua como imagem de Nossa Senhora, mas não estava
lá. Havia um céu tão azul, tão pálido, tão impalpável, que soube
que continha o Sol e dele trazia sua substância. Não sabia se
estava tomado por um fenômeno místico, ofuscado pelo Sol ou
se se tratava de um jogo de minha fantasia.
Nesse ínterim, não muito longe, avistamos à nossa frente a
igreja de Ronchamp (a obra-prima de Le Corbusier, então recémconstruída) que se destacava, alvíssima, sobre a colina coberta
de árvores. Decidimos visitá-la. Suas formas brancas de mulher
forte me abraçaram e me acolheram em sua potente paz. Entendi
que, no símbolo que me era dado para viver, Maria estava presente, não como a Lua, mas como o céu azul que contém o Sol,
dele trazendo sua substância. Ali, naquela capela, Maria era ape12