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um itinerário para o diálogo 13 de História do islã e reservasse para si o ensino da religião. Ora, ele me deu toda a liberdade. A despeito do meu título oficial, professor de teologia cristã e muçulmana, só ministrei, de fato, cursos sobre o islã. Apreciei muito essa confiança e essa abertura. Entre os estudantes, havia cristãos e muçulmanos. Os que escolhiam o ensino religioso como primeira opção não eram numerosos. Os estudantes do segundo e do terceiro anos eram, na maioria, muçulmanos. Era realmente curioso que um padre católico ensinasse o islamismo aos muçulmanos! Expliquei-lhes que estávamos num contexto universitário e não numa atividade de catequese, e que eles não eram obrigados a aceitar tudo o que eu lhes dissesse. Mas acrescentei que, se me quisessem contestar, deveriam sustentar suas idéias com argumentos sólidos e não apoiá-los na tradição das famílias ou das comunidades deles. A maior parte desses muçulmanos era indo-paquistaneses de confissão ismailita*. Sem dúvida nenhuma, isso me ajudou. Na qualidade de discípulos de Aga Khan, eles não conheciam muita coisa da tradição sunita*, majoritária no islã. Podiam, então, aprender comigo e eu, também, podia aprender com eles. Após a expulsão dos ismailitas* da Uganda, em 1972, por Idi Amin Dada, que se apossara do poder no ano anterior, mantive contato com alguns deles. — O fato de o senhor ser padre não foi, então, uma desvan­ tagem? Nunca escondi minha identidade de padre e freqüentava, à vista de todos, a capela do campus universitário. Minha atitude respeitosa para com a religião islâmica permitiu criar um clima de confiança. Um dos meus alunos muçulmanos tornou-se professor em Nairóbi, no Quênia, e depois foi enviado pelo atual presidente da República da Uganda como embaixador na Arábia Saudita.