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um itinerário para o diálogo
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rosário de contas pretas e brancas, com uma cruz sem o crucificado
para não ofender os muçulmanos que não crêem na crucifixão
de Jesus. Esse rosário cristão queria imitar, à sua maneira, o que
os muçulmanos de confrarias religiosas usavam, e, do mesmo
modo, para indicar a sua pertença a uma confraria. O conjunto
era completado por uma grande capa com capuz, toda branca,
também, chamada burnous. É essa roupa branca que nos valeu o
apelido de Padres Brancos.
— E o senhor não usa mais esse hábito?
Quando eu era sacerdote estudante na casa generalícia, no
início dos anos 1960, todos nós usávamos o hábito, ou seja, a gandoura
e o rosário no tempo comum, mesmo para ir à universidade. Íamos
de bicicleta e aí vestíamos por cima uma longa capa preta. Para as
cerimônias, acrescentávamos o burnous à gandoura. Devo dizer que
tudo isso não era muito cômodo, porque o branco se suja logo. Alguns dos nossos usavam uma gandoura de cor caqui, especialmente
quando viajavam. Mas isso não era muito digno. Foi, portanto, pela
preocupação com a limpeza, com a dignidade, mas também com a
comodidade, que se deixou de usar o hábito. Houve até um tempo em
que os noviços não mais o recebiam. Quando eu era do Conselho Geral, no início dos anos 1980, introduzimos de novo a entrega do hábito
no começo do “ano espiritual”, ou seja, do noviciado. Os estudantes
sentiam necessidade dele por ocasião do estágio apostólico porque,
na África, os seminaristas vestem a batina quando estão no seminário
ou a serviço numa paróquia. Atualmente, o hábito é usado nas ocasiões solenes, por exemplo, na missa dos funerais ou por ocasião da
cerimônia do engajamento. Meus confrades missionários na África
usam freqüentemente a gandoura quando celebram na igreja.
Quanto a mim, depois que fui ordenado bispo, normalmente uso, aqui em Roma, a batina preta com botões violeta e a
sotaina violeta para as cerimônias no Vaticano. Em algumas de