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a unidade, desejo de deus
público não católico, onde eu tinha colegas católicos como eu, não
me lembro de ter convivido com alunos de outras religiões.
— Não sofriam discriminações por serem católicos em um
país anglicano?
Não. No plano religioso, tudo se passava muito bem. Embora representássemos um pouco menos de dez por cento da cidade,
que contava aproximadamente cento e cinqüenta mil habitantes,
dispúnhamos de várias paróquias católicas. A nossa, dedicada a
são Patrício, tinha sido fundada por irlandeses. Situava-se a meia
hora a pé de casa. Quando me tornei coroinha, ia cedo, ainda
escuro, para ajudar na missa.
Na escola que freqüentava, éramos respeitados, embora
postos um pouco à parte. Não participávamos da assembléia que,
todas as manhãs, reunia os alunos com o diretor, porque nessa
reunião se faziam orações. Durante esse tempo, éramos encarre
gados de ficar de guarda: tínhamos um registro para assinalar todos
os que chegavam atrasados. Não participávamos, também, das
aulas de religião, que eram substituídas, para nós, por exercícios
de matemática. Para o catecismo, eu tinha uma professora em
casa. Acho que foi dela que ganhei livros infantis sobre a missão e
sobre a África. Um dentre eles, escrito por um padre missionário
e intitulado As narrativas de um anjo da guarda, me marcou muito
na época!
— Como nasceu a sua vocação?
Muito cedo, por volta dos nove ou dez anos, tive desejo de
ser padre. Pensava em entrar para o seminário menor da diocese,
mas logo intensificou-se em mim a idéia de ser padre e missionário. Dois membros da família, do lado materno, tinham escolhido
o sacerdócio. Eu tinha, portanto, um tio pároco em Liverpool e
um primo-irmão redentorista na Índia. Ouvíamos falar deste