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Selaram o empréstimo numa promissória feita de folha de amoreira, com a patinha do coelho impressa nela. E marcaram o acerto de contas para o sábado à uma hora da tarde, na casa do devedor. Mas o dinheiro ainda não dava para o gasto. Abelardo bateu em nova porta, a da onça que, muito compenetrada, retocava cada pinta de seu pelo. — Ó, comadre, me empreste um dinheirinho que logo, logo devolvo. É pra fazer uma casa digna de receber os amigos. Onças dão um valor absurdo ao próprio couro. Tanto é assim que, quando as pintas começam a desbotar, mais que depressa elas correm a pintá-las de novo. Também a onça emprestou a quantia pedida por Abelardo. Selaram o empréstimo numa promissória feita de folha de pitangueira, com a patinha do coelho impressa nela. E marcaram o acerto de contas para o sábado às duas da tarde, na casa do devedor. E nada de o Abelardo se dar por satisfeito. Por último, foi bater na casa do homem. A bem da verdade, o homem era mais colega que amigo do coelhinho. Mas, na hora da precisão, Abelardo não via coração, só o tilintar de moedas no surrão. Folgado, nem bateu na porta e já foi entrando: — Ó, compadre, me empreste um dinheirinho que logo, logo devolvo. É pra fazer uma casa digna de receber os amigos. O homem, que tirava bicho-do-pé, mal escutou o que 16