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I — A “Essência” do Pai
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e definitiva — do próprio Jesus. E é também o grande
testemunho dos místicos e daqueles que buscam Deus
em todos os tempos. Enfim, podemos acrescentar, de
maneira talvez diferente, também o nosso testemunho,
porque certamente cada um de nós sentiu e aprendeu a
reconhecer o timbre de sua voz e a decifrar a mensagem
que ele nos envia.
Evidentemente, a atitude mais simples, mas indispensável, para percebermos a voz de Deus é a de abertura e de acolhida. A Escritura traz a frase belíssima e
simples, tão rica de significados: “Eis que estou à porta
e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei
em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). E
o próprio Jesus, no Evangelho de João, promete àqueles
que observarem os seus mandamentos que ele pedirá ao
Pai que lhes dê o Espírito Santo.
Portanto, a atitude fundamental que devemos recuperar e aprender a viver é a escuta. Paulo emprega a
expressão grega upakoé, que significa “escuta de baixo”
e que traduzimos por “obediência”. “De baixo”, porque
Deus nos sobrepuja e porque a primeira condição para
escutarmos é a nossa humildade; uma atitude interior e
profunda que deve exprimir o reconhecimento do fato
de a nossa existência provir de Deus.
A escuta é exercitada já no contato natural, de admiração e de maravilha, com o ser criado, com a natureza
e com as pessoas que nos circundam. Trata-se de uma
escuta que, paradoxalmente, nasce da contemplação.
Parecem duas faculdades distintas, escutar e ver, mas no
coração tornam-se uma única faculdade. Olhar contemplando o mundo ao nosso redor significa sermos capazes
de escutar a voz que fala por meio das criaturas. Chegaram até a dizer que, se escutássemos a voz que provém
dos que nos circundam, ouviríamos constantemente a
expressão: “Eu te anuncio quem me criou, eu te anuncio
quem me sustenta e me dá a vida”.