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I — A “Essência” do Pai 35 e definitiva — do próprio Jesus. E é também o grande testemunho dos místicos e daqueles que buscam Deus em todos os tempos. Enfim, podemos acrescentar, de maneira talvez diferente, também o nosso testemunho, porque certamente cada um de nós sentiu e aprendeu a reconhecer o timbre de sua voz e a decifrar a mensagem que ele nos envia. Evidentemente, a atitude mais simples, mas indispensável, para percebermos a voz de Deus é a de abertura e de acolhida. A Escritura traz a frase belíssima e simples, tão rica de significados: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). E o próprio Jesus, no Evangelho de João, promete àqueles que observarem os seus mandamentos que ele pedirá ao Pai que lhes dê o Espírito Santo. Portanto, a atitude fundamental que devemos recuperar e aprender a viver é a escuta. Paulo emprega a expressão grega upakoé, que significa “escuta de baixo” e que traduzimos por “obediência”. “De baixo”, porque Deus nos sobrepuja e porque a primeira condição para escutarmos é a nossa humildade; uma atitude interior e profunda que deve exprimir o reconhecimento do fato de a nossa existência provir de Deus. A escuta é exercitada já no contato natural, de admiração e de maravilha, com o ser criado, com a natureza e com as pessoas que nos circundam. Trata-se de uma escuta que, paradoxalmente, nasce da contemplação. Parecem duas faculdades distintas, escutar e ver, mas no coração tornam-se uma única faculdade. Olhar contemplando o mundo ao nosso redor significa sermos capazes de escutar a voz que fala por meio das criaturas. Chegaram até a dizer que, se escutássemos a voz que provém dos que nos circundam, ouviríamos constantemente a expressão: “Eu te anuncio quem me criou, eu te anuncio quem me sustenta e me dá a vida”.