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I — A “Essência” do Pai
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mente ligada à intuição de um ser que é luz absoluta, que
sustenta, envolve, penetra a existência que percebemos
e orienta-a, na liberdade, para um destino.
Tanto o Antigo como o Novo Testamento — por
exemplo, o Livro da Sabedoria e a Carta de São Paulo
aos Romanos — afirmam justamente que é muito simples para o homem, partindo das coisas criadas, chegar
a conhecer as perfeições invisíveis do seu criador. E a
Igreja está tão convencida disso que o expressou como
dogma de fé no Concílio Vaticano I.
Então, que aspecto caracteriza a imagem de Deus
que podemos perceber?
A característica fundamental de Deus, que também
os textos citados dos dois catecismos destacam (ainda
que detendo-se principalmente numa visão de caráter
mais filosófico), é ser uma realidade “pessoal”, ou seja,
dotada de liberdade e de inteligência, e não um destino
impessoal que domina o homem.
Todos nós experimentamos a inteligência, o amor
e o desejo — características fundamentais do nosso ser
pessoa — como o que de mais sublime existe no mundo
criado. Portanto, aquele que intuímos como origem e meta
de tudo deve ser também, à sua maneira, “pessoa”, isto é,
um ser inteligente, amoroso, desejoso. Tudo isso é posto
sob uma luz extraordinariamente límpida e nova pela
palavra e pela própria existência de Jesus, mostrandonos que Deus — como diz o Novo Testamento — é amor
(cf. 1Jo 4,8-16), ou seja, é capacidade e vontade de se
relacionar, de se autocomunicar, de se doar às criaturas,
para participar-lhes sua própria vida.
Essa descrição de Deus como sendo amor vai, sem
dúvida, ao encontro da expectativa e do desejo mais
profundo dos homens e das mulheres de nosso tempo.