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Na Luz do Pai
alma. Ela me atormenta noite e dia. Quem pode conhecer
a dor que eu sofro? Não há médico maior do que tu nem
doente pior do que eu. O sofrimento tomou-me completamente. Como poderei sobreviver separado de ti? Passo
os dias e as noites a te esperar”. E temas idênticos, com
outras palavras e formas, ressoam em vários salmos do
Antigo Testamento e nos inúmeros textos daqueles que
procuram Deus em todas as religiões e culturas.
Portanto, Deus é uma questão existencial, antes
de ser teórica, no sentido de que toca a realidade mais
profunda da existência do homem e, de modos diversos,
é constante em todo o percurso de cada vida humana.
Poderíamos até afirmar que a pessoa humana é esta
busca de Deus, porque o homem é um eterno questionamento sobre a própria criação e o próprio destino.
Assim, a resposta primordial à pergunta “quem é Deus?”
brota de uma experiência profunda que todos estamos
destinados a fazer; ou seja, a minha existência e a das
pessoas com as quais me relaciono têm uma origem, uma
meta e um sentido.
Esta origem-meta-sentido, que é a atmosfera que
nosso coração e nossa mente respiram, é aquilo que todas as culturas chamam de “Deus”, embora com termos
diferentes. Isto é, aquele ser do qual provêm todas as
coisas, em direção do qual se dirige tudo o que é real, e
que sustenta e dá sentido a tudo o que existe. Esse conceito está presente também nos dois catecismos citados,
cujas propostas têm por fundamento a explicitação dessa
percepção e, assim, vêem Deus — universalizando a experiência humana — como o Ser eterno e absoluto que
é o fundamento de qualquer outra existência.
Cada um de nós lembra-se provavelmente do momento em que se deu conta da própria existência e da existência
das outras pessoas ao seu redor. Uma sensação — e é essa
a surpresa da qual nasce a filosofia, no sentido mais elevado e mais normal, a filosofia que todos temos — estreita-