Preview dos produtos 5678023e92962708676526pdf | Page 11
introdução
Nesta obra percorremos, muito brevemente, as etapas de nosso itinerário intelectual. Este livro nasce de uma insatisfação e de uma curiosidade. A
insatisfação vem do reconhecimento da desproporção, muito evidente, entre
a realidade em constante evolução das organizações da sociedade civil — vez
por outra indicadas como Terceiro Setor, setor privado social, setor sem fins
lucrativos, economia social e por aí vai — e a reflexão sistemática e científica
sobre essa realidade, especialmente no campo econômico-político. Não é que
a literatura sobre o tema seja deficiente, mas a maioria desses trabalhos, sem
dúvida, úteis, é de corte estatístico-descritivo ou é de ensaios até formalmente
refinados, que, no entanto, estudam essas organizações pelo que elas diferem
das organizações do mercado privado e do Estado. A consequência disso é
evidente: o corpus central da teoria econômica dedica a essa tema, no máximo,
observações de apêndice ou uma menção meramente casual. Diante disso,
perguntamo-nos como abordar essa visível anomalia. O que leva a economia,
uma ciência sempre empírica, a não dar atenção teórica a um objeto que não
só existe, mas vive um momento de franca expansão?
E é aqui que entra a curiosidade. De fato, nós nos perguntamos se esse
vazio de conhecimento e, de modo mais amplo, esse fin de non-recevoir não seriam, por acaso, consequência do fato de ainda predominar na economia um
modo de pensar baseado numa infraestrutura teórica que tende a estudar apenas a realidade que precede e se segue imediatamente à (primeira) Revolução
Industrial. E que imagem da sociedade a leitura desse período histórico oferece? A de uma ordem social firmemente assentada em duas instituições basilares: o Estado e o mercado privado. O pensamento liberal enfatizará mais o
pilar do mercado, procurando manter o Estado dentro dos limites do “Estado
mínimo”; o pensamento socialista tentará a operação oposta. Mas os termos
11