É uma estratégia conceptual centralizada em processos algorítmicos (programação/scripts) controlados por variáveis numéricas (parâmetros). No fundo é um sistema generativo que nos permite tirar partido de princípios formais da geometria, biologia, biomimética, matemática e da computação.
Esta inovação tecnológica aliada ao design tem tido uma boa aceitação por parte das empresas nacionais? Como tem sido a recetividade das empresas à mudança? Ou preferem, de uma maneira geral, manter os seus métodos de produção tradicionais?
A DIGITALAB colabora com mais de sete empresas nacionais em várias áreas da produção industrial, o feedback tem sido excecional e o retorno muito gratificante. Atualmente, fazemos o circuito internacional das feiras e eventos de design e é incrível absorver o feedback das pessoas. Muito do sucesso parte do desafio que lançámos às empresas. Somos eternos provocadores, especialistas em projetos que nunca fizemos. No entanto, a inovação não passa exclusivamente pelo desenho, é crucial tirar partido das propriedades dos materiais e otimizar processos de produção. A estratégia tem que ser transversal. É absolutamente inegável o clima de otimismo e abertura que o tecido empresarial revela atualmente para projetos inovadores. Existe toda uma nova geração de industriais que acredita na inovação como processo essencial na renovação e afirmação dos produtos nos diferentes mercados, cada vez mais exigentes e competitivos. No entanto, o designer português ainda é o parente pobre da equação e é crucial uma maior valorização de toda classe, para evitar entropias. É imperativo trabalharmos todos juntos (criativos e indústria) em prol de uma mudança de paradigma.
Como descreveriam, actualmente, o design nacional?
Ao contrário do design Italiano, nórdico, etc, não existe um design português enquanto estilo, identidade ou ADN. Na arquitetura, o cenário é diferente, existe uma arquitetura portuguesa que tem os seus expoentes máximos nos prtizkers Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura. O design português é muito heterogéneo. Por um lado, temos marcas de luxo (high end) que apostam no mercado asiático, britânico, americano, etc, muito focados nas técnicas artesanais mais antigas, com grande atenção ao detalhe e a elementos decorativos. Por outro lado, a ideia do designer-artesão começa a ganhar cada vez mais destaque no panorama nacional. Existe cada vez mais micro empresas ou designers em nome individual que estão a avançar para marcas próprias e isso é muito estimulante, não só para a economia como também para o ecossistema criativo nacional. O design português não é binário, penso que entre estes dois polos encontra-se um conjunto de marcas que estão a explorar caminhos diferentes com múltiplas influências, mas dada a sua heterogeneidade são mais difíceis de catalogar. Os designers portugueses estão a passar por uma fase de afirmação, não será a curto prazo, mas o mediatismo do país ao nível do turismo tem contribuído para uma maior divulgação da nossa cultura e da nossa criatividade além-fronteiras.
Olhando um pouco para o futuro e numa Era em que o design português já dá cartas na arena internacional, como gostariam de ver o design nacional daqui a uns anos?
Projetamos o design português como algo naturalmente heterogéneo, plural e experimental onde a indústria, os artesãos e os criativos operam em total sintonia em prol da identidade e do saber fazer nacional.
Após provas dadas no mercado e prémios ganhos, o que nos reserva a DIGITALAB nos próximos tempos?
Temos uma visão muito romântica sobre o futuro. É vital continuar a experimentar. A experimentação é a chave para a inovação. O importante é não viver à sombra de feitos e sucessos passados. O nosso ADN obriga-nos a sair constantemente da nossa área de conforto e a desafiar novas marcas e empresas a criar produtos que consigam acrescentar valor num mercado cada vez mais global e competitivo. Ainda há muito que fazer. No próximo ano vamos lançar mais duas marcas e muito brevemente vamos começar a desenhar para marcas internacionais.
Na vossa perspetiva, como consideram o papel da Associação no apoio dado às empresas nacionais?
A AIPI tem desenvolvido um papel extraordinário no apoio e na divulgação das empresas em vários certames internacionais. O investimento de tempo e dinheiro é considerável e o apoio prestado é absolutamente imprescindível. Um modelo linear, transparente e muito focado na satisfação dos associados. Uma estrutura exemplar, modelo a seguir por outras associações nacionais.
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ENTREVISTA / INTERVIEW
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