Pontivírgula - Edição Setembro 2017 Pontivírgula - Edição Setembro 2017 | Page 29

OPINIÃO

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Canto do Otaku

Rodrigo Matos

Anime

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Death Note

Face ao mais recente (e polémico) filme da Netflix, Death Note, resolvi falar um pouco do seu anime de origem, de forma a que aqueles que o viram sem terem assistido à série original possam ficar a saber um pouco mais acerca do mesmo.

O animeDeath Note é baseado no mangá de Takeshi Obata e Tsugumi Oba, lançado no dia 1 de dezembro de 2003. Devido ao enorme sucesso do mesmo, foi conseguida a adaptação para anime cerca de 2 anos depois, a 3 de outubro de 2006, com a animação por parte do estúdio Madhouse. A série conta com um total de 37 episódios com duração de cerca de 20 minutos cada e teve um sucesso tal que levou a que esta começasse a ser bastante conhecida além-fronteiras, inclusive em Portugal, que a transmitiu através da SIC Radical.

Se compararmos com o filme, o enredo geral não difere muito. Yagami Light é um jovem e brilhante estudante japonês que vive entediado com a sua vida. Certo dia, Light encontra um caderno com a capacidade de matar qualquer pessoa, bastando apenas escrever o nome dela no mesmo. Com este Death Note aliado à sua enorme inteligência, Light começa a erradicar todos os criminosos, de forma a conseguir criar um mundo mais justo. Mas quando a população se começa a aperceber de que estes criminosos estão a ser assassinados por alguém, o melhor detetive do mundo, L, começa uma investigação com o objetivo de encontrar o autor dos assassinatos. Num jogo de gato e rato, L e Light enfrentam-se numa batalha de mentes, onde apenas um pode vencer.

Apesar do enredo semelhante, as diferenças no desenvolvimento da história são notórias. O ponto forte da série, que a distingue de todas as outras, é o jogo de inteligência entre os dois principais protagonistas. Como duas mentes brilhantes, Light e L organizam os mais variados planos e é simplesmente delicioso para o espetador assistir a este duelo.

Para além disso, os dois sentidos de justiça distintos levam quem está a assistir a optar por um dos lados. Podemos assim dizer que não existe propriamente um vilão e um herói em Death Note. Aqueles a favor da morte dos criminosos verão em Light um salvador, que veio trazer ao mundo aquilo que ele precisava. No entanto, para quem for contra fazer a justiça com as próprias mãos verá no protagonista apenas um assassino lunático, que usa a ideia de fazer justiça como uma simples desculpa para matar.

Embora este seja um anime com uma história cheia de pontos altos, nem tudo é um mar de rosas. A partir do episódio 26 há uma clara queda na sua qualidade em comparação com o resto da obra. O propósito do anime parece perder-se um pouco e aquela batalha de mentes que apaixonou os fãs perde bastante o seu interesse. Esta queda de qualidade pode dever-se um pouco ao facto dos criadores da série quererem tê-la terminado no capítulo 58 do mangá(correspondente ao episódio 25 do anime), mas terem sido obrigados a continuá-la pela própria editora. É de realçar também o facto de o final do anime ser ligeiramente diferente do final do mangá, embora essa diferença acabe por levar ao mesmo desfecho. Devido ao facto de ser um anime com já alguns anos, a animação não é perfeita, mas está longe de ser má. As cenas são fluídas e os jogos de mente são épicos e intensos. As personagens estão bastante bem conseguidas - não só as principais, mas também as secundárias. Para além disso, outro dos grandes pontos de destaque é a banda sonora, muito bem escolhida para o anime. As músicas enquadram-se bem nas cenas e contribuem para o aumento da emoção e da intensidade da série.

Para concluir, Death Note é um bom anime, com muitas diferenças em relação ao filme da Netflix. Considerado como um dos melhores de todos os tempos, vale com certeza a pena experimentar, mesmo para aqueles que não são fãs de animação japonesa.