Pontivírgula - Edição Março 2018 Pontivírgula - Edição de Março 2018 | Page 5

Quem foi a criança Rodrigo Gomes?

Aich… era um puto gordo, super-gordo, mas felizmente nunca tive problemas com isso. Quando os outros miúdos gozavam, eu levava na boa, por isso consegui sempre ultrapassar essa barreira que costuma ser complicada na vida de uma criança. A infância foi passada em Chelas, ao pé do Clube Oriental de Lisboa, na zona de Marvila, que tem muitos quintais, muitas couves, muitas coelheiras e galinheiros. Eram pessoas que tinham a porta de casa aberta, como se vivessem numa aldeia do interior, portanto cresci na rua, a jogar à bola na rua o dia inteiro e fui uma criança feliz. Levava tareia dos meus pais, mas não tenho nenhum ressentimento em relação a isso, até foram poucas.

O bichinho da rádio veio desde infância ou foi adquirido mais tarde?

O bichinho da rádio veio desde a adolescência. Eu tive o meu primeiro programa de rádio com 15 anos, numa rádio local, numa vila para onde eu fui morar aos 10 anos, chamada Bombarral. Cresci no Bombarral e aos 15 anos fui à rádio local e pus-me a fazer um programa. Porquê? Porque sempre ouvi muita música desde pequeno e estava sempre a gravar cassetes para os meus colegas e até para os meus professores. Estavam-me sempre a pedir para gravar cassetes e eu sentia que a música que eu ouvia, música dos anos 60 e 70, que não tinham nada a ver com a minha idade, fazia sentido para as pessoas e, por isso, porque não levar a música para a rádio. Tive então um programa lá na rádio do Bombarral, a Antena FM, com 15 anos, às quartas-feiras, das 22h às 24h, chamado “A Hora dos Heróis”, porque eram os meus heróis, Pink Floyd, Jimmy Hendrix, Carlos Santana, The Clash… Foi aí que começou. Cheguei a ser diretor da rádio-escola na Escola Secundária do Bombarral, projeto que nunca chegou a acontecer porque não havia condições. Ligámos uma vez a rádio-escola e as colunas pegaram fogo (risos). Mas eu fui eleito diretor da rádio, até fiz uns projetos e uns desenhos para mudar o estúdio, etc, mas pronto não havia orçamento, pelo que não se realizou… Mas é daí que vem o bichinho!

Depois segue-se a FCH…

Depois fui estudar para a Faculdade de Ciências Humanas, na Católica, porque eu sempre fui um péssimo aluno. Consegui entrar numa universidade pública em Viseu e poderia entrar na Católica. Então a minha mãe disse-me: “nós não temos dinheiro, mas vamos fazer um esforço para ires para a Católica, porque é a única forma de arranjares emprego”. E confirmou-se. Os meus pais fizeram um esforço enorme para me pagar as propinas na Católica, que não eram nada baratas, e quando acabei o curso na Católica tive oportunidade de estagiar no grupo Renascença e estou cá há 14 anos.

ENTREVISTA

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«sempre ouvi muita música desde pequeno e estava sempre a gravar cassetes para os meus colegas e até para os meus professores»