OPINIÃO
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Backbeat
Música
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«Não é magia, nem é bem música; é uma indústria em funcionamento.
Produção minimalista que salienta as capacidades vocais»
Felizmente, há quem descredibilize esta teoria com provas em si mesma.
Beyoncé é inquestionavelmente a nova rainha da pop e foi ela própria lançada por uma Girl Band, as Destiny’s Child. Depois do grupo decidir cessar atividade em 2006, cada um dos elementos decidiu seguir carreiras a solo. Com diferentes níveis de sucesso, Beyoncé Knowles foi decididamente a mais bem-sucedida no período pós-Destiny’s Child (um nome demasiado piroso, até para a época). É certo que o casamento com Jay-Z, um dos rappers mais aclamados da altura, e que ainda hoje goza do seu estado de graça, lhe deu projecção profissional, mas a qualidade na performance e nos dotes vocais é inegável. Aliás, a carreira a solo foi a melhor decisão que podia ter tomado, uma vez que sendo já uma figura estabelecida na indústria Beyoncé não estava à mercê de produtores e diretores que insistem em “orientar” as carreiras de estrelas em ascensão. À sua maneira, Beyoncé já era uma estrela; hoje, confirma-se.
Um segundo exemplo é o das Spice Girls. O coletivo britânico, mais virado para a sonoridade pop, usava no fundo a mesma técnica: miúdas bonitas e muita pele. Mas a música praticada já deixava ouvir algo mais. A abordagem diferente, menos r&b e com mais toques rock, permitia às vocalistas sair daquele registo melódico e sedutor (que tão bem cai com os calções curtos), com mudanças de registo que motivavam várias experiências vocais. Não é por acaso que 3 das 5 membros originais alcançaram sucesso como solistas. Mel B, Mel C, Vitória Beckham conseguiram colocar pelo menos uma música no top 5 das charts no Reino Unido.
Verdade que as Girl Bands nem sempre primaram pela qualidade musical, quer vocal ou de produção. Mas como em todas as áreas, há variadas maneiras de alcançar o sucesso e o branding é uma delas. Este era um nicho onde a objetificação do género foi aceite de braços abertos, como se parte de uma estratégia de marketing se tratasse. No que à música diz respeito havia também uma ou duas fórmulas a seguir pelos produtores, fosse qual fosse o género: ritmos simples para que o foco estivesse nas vozes, sempre bem acompanhadas de um vídeo. E resulta. Não é magia, nem é bem música; é uma indústria em funcionamento.
Produção minimalista que salienta as capacidades vocais.