Pontivírgula - Edição Março 2018 Pontivírgula - Edição de Março 2018 | Page 42

OPINIÃO

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Backbeat

João Marques

Música

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Girl Bands

Girl Bands, todos conhecemos, todos ouvimos. Não adianta negar. Já todos batemos o pé ao som de meia dúzia de ritmos das Spice Girls ou das Destiny’s Child. Say my name, Tell me what you want… singles que chegaram ao número 1 das tabelas pop em vários países. A verdade é que apesar do ódio que lhes é dirigido (não tanto como às Boy Bands), as Girl Bands tomaram um papel importantíssimo no revitalizar da música soul e r&b nos anos dois mil. Foram grupos como as TLC, En Vogue e as Destiny’s Child que nos trouxeram a fusão entre o soul, o r&b, o pop e o hip-hop, pelo menos para o panorama mainstream. E, digam o que disserem, o mainstream não é necessariamente mau.

Contudo, não é a opção sonora que torna as Girl Bands menos legítimas. Porque há um fator que consegue agarrar a legitimidade destes conjuntos essencialmente vocais e atirá-la janela fora. Numa era em que Low, de Flo Rida, ditava a norma da música pop americana, não é difícil perceber o papel da mulher na música. A sexualização do género feminino é banalizada na música do novo milénio com um consentimento inacreditável. E a prova desse consentimento são as Girl Bands.

Vozes doces, ritmos sedutores, saias curtas e tops reveladores. É esta a receita para o sucesso de conjuntos exclusivamente femininos que apareciam como cogumelos no início do milénio. Umas optavam pelo r&b e pela soul, já outras faziam o seu caminho com melodias mais próximas do rock ou das músicas latinas, como é o exemplo das Girls Aloud.