ENTREVISTA
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Do que propriamente da tua experiência pessoal?
Exato. E dos media…mais pelo que oiço das pessoas de fora do que pela minha experiência, mas este medo também me faz estar mais atenta ao redor, às coisas que acontecem, dizer que sim ou que não. Muitas vezes tenho de dizer que não para me sentir mais segura e proteger-me, porque estou sozinha.
E isso que fazes, hoje, também acaba por estar relacionado com o curso que tiraste: comunicação. Não estás propriamente a exercer jornalismo ou a trabalhar na área do marketing, mas tens de comunicar e interagir com pessoas…
É exatamente isso que eu digo quando as pessoas me perguntam: “então e já trabalhaste na tua área?", e eu respondo que tenho um blog, dou palestras, não estou a trabalhar porque não recebo monetariamente mas estou super realizada, a fazer o que gosto, estou a inspirar jovens e não só. Já inspiro muitos adultos a viajarem também, muitos deles já me confessaram que gostavam de ter feito isto na sua altura, ou que eu os faço pensar de outras formas.
E já sentes o peso dessa influência que tens nos outros?
Às vezes sim, às vezes penso duas vezes se é melhor pôr ou fazer alguma coisa, mas sou sempre muito sincera e muito genuína, porque digo aquilo que penso, porque sou eu na verdade. Mas é um bocadinho usar esta moda dos influencers para levar um tema que é tabu e não tão falado, ou que é falado no tópico do receio, e elevá-lo, dar uma nova abordagem e motivar as mulheres e os jovens a viajar e a falar mais abertamente da boleia e das viagens.
E atualmente já há imensas pessoas que vivem dos instagrams e blogs, achas que pode ser esse também o teu caminho?
Sim, apesar de eu querer mostrar mais o outro lado, o das pessoas. Porque normalmente o que é que se vê nos instagrams das viagens? São casais, super apaixonados, que é tudo balelas, com as fotografias todas editadas, com coisas irreais e eu sou aquela pessoa que quer mostrar a realidade através dos meus olhos. Portanto, tudo aquilo que publico são acontecimentos que me tenham marcado ou ideias e pensamentos que vou tendo. Eu agora estive 2 meses a convite da Gap Year Portugal a fazer uma roadtrip a dar palestras para incentivar os jovens portugueses do 12ºano a abrir fronteiras, para que vejam que há mais ruas do que aquelas das suas cidades e do caminho óbvio. Muitos deles vão para a licenciatura mas há muitos que não conseguem entrar, e isso não é o fim do mundo. Podem trabalhar, fazer voluntariado, viajar.
Isso significa que, a longo prazo, não te vês a ter um emprego daqueles ditos “comuns”, das 9h às 18h?
Não, aquilo que eu quero fazer a longo prazo ainda não se realizou, porque quero viajar muito a solo, que é liderar viagens, ou seja, levar pessoas comigo, a pagar, obviamente, e eu organizo a viagem. Mas são viagens para sítios onde, normalmente, as pessoas não vão sozinhas, nomeadamente Nepal, Índia, países tabu, e levá-las a viajar pelos locais que eu conheci, os restaurantes que eu fui, de uma forma mais local e não tanto turística. Com o objetivo de não terem medo porque estão com uma pessoa que já lá andou e pode proporcionar-lhes experiências diferentes.