ENTREVISTA
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Claro que já desconfiei muitas vezes e houve outras em que disse “largas-me imediatamente ou eu chamo a polícia”. Na Índia, principalmente, senti muita insegurança quando caminhava sozinha na rua mas também temos de mostrar postura e que não estamos com medo. Uma coisa muito engraçada que eu aprendi é que nós temos de fingir que somos ainda mais malucos que eles. Eles estão-nos a assaltar e nós fingimos que somos malucos, começar a fazer de galinha, o que seja. Se as pessoas acharem que somos malucos fogem a sete pés.
Já alguma vez fizeste isso?
Fingir de maluca já, muitas vezes, agora de galinha não, tenho de usar essa técnica [risos].
Quando acabaste a licenciatura, foi óbvia a opção de fazeres um gap year?
Não, eu sentia-me meio perdida. Eu acabei a licenciatura, fui fazer voluntariado para Cabo Verde, voltei, fiz os caminhos de Santiago para tentar perceber o que é que eu queria e não consegui tomar uma decisão de escolher entre ir trabalhar ou tirar mestrado, e a única saída e o único escape era mesmo a viagem. Agora já nem considero que seja um gap year, acabei por fazer disto um modo de vida. Porque depois da Europa fui para os Estados Unidos, depois para Marrocos e voltei agora do Nepal e da Índia onde estive 8 meses. E agora, dia 9, vou para a Guiné-Bissau fazer voluntariado.
Quando fizeste Erasmus criaste um blog de viagens em conjunto com a colega com quem foste, mas agora tens um só da tua autoria.
Sim, em Macau criámos um blog e foi só uma coisa de 6 meses. O meu blog é o que me faz sentido neste momento, porque já não viajo com a Marta, e é o Boleias da Marta.
Que é quase como se fosse a tua marca…
Exatamente, e é super engraçado que ainda no outro dia estava a trabalhar e vira-se uma rapariga para mim a gritar “Boleias da Marta” e a dizer-me adeus, por isso é uma coisa gira sentir que já há pessoas que me reconhecem.
Mas esse alcance que tu tens deve-se ao blog ou mais ao instagram?
É através do instagram, sem dúvida.
Até porque no instagram já publicas os teus próprios textos nas descrições.
Sim, sim, hoje em dia o instagram é o futuro e teve um grande boost quando fui à MegaHits dar uma entrevista quando cheguei de viagem agora, do Nepal. Foi um ex-aluno da Católica que trabalha lá que me convidou para ir lá fazer o programa da manhã, o “snooze” , depois fui à Comercial, à RTP, à Renascença…
Ao Pontivírgula…
Agora estou no Pontivírgula [risos], tenho ido aí a algumas coisas e é um bocadinho para passar a minha mensagem que é para as pessoas seguirem os seus sonhos e que não há coisas impossíveis. E mais para as mulheres, que são quem tem mais medo de viajar sozinhas, é quase um tabu viajarem sozinhas, mas é possível e eu sou um exemplo.