arte e política andam juntas?
a performance de Naruna Costa do conto Da Paz, como arte. Taíne Rabelo discute, em O ressoar da Aia, a representação do horror e a luta das mulheres após terem seus direitos dizimados em O Conto da Aia, série de 2017. Também discutindo uma série, Samuel Figueiredo foca no episódio Nosedive, de Black Mirror, para promover uma reflexão acerca da liquidez de valores em uma sociedade rendida à tecnologia em A quantos likes da felicidade? Fechando este caderno de resenhas, Eric Porral, poeticamente, se e nos questiona: “existe autoconsciência política da arte?”, enquanto discute a potência dos signos linguístico e visual que movem o indivíduo à sinestesia de (des)prazeres políticos em Terra em Transe (Vasos comunicantes: poesia e flme, política e arte).
Os textos aqui publicados nascem de diversas perspectivas que entendem que, sim, é possível fazer arte política - ou falar de política ao fazer arte. Contudo, entendemos que esta não é uma pergunta à qual caiba uma resposta definitiva. No diálogo estético entre criadores e receptores da arte, surgirão muitas relações, muitas percepções, muitas leituras. Nada único ou final. Desse modo, em uma empreitada ambiciosa, quase ao nível do Yves Klein no seu salto no vazio, pulamos rumo a um campo por nós ainda pouco explorado. E, de maneira igual ao grande gênio, caímos em um chão duro, sólido e quase intransponível: o da super-realidade política com pinceladas de cores matizadas de uma tinta da marca artística. Cabe ao leitor decidir se se jogará à Queda Livre em que sua Paz é apenas um transe em terra sob o olhar de um menino que se faz menina, em um conto de aias, perdido no tempo. E, por fim, resta uma pergunta sem resposta: Ele voa sem asas ou se estatela no chão?
Salvador, dezembro de 2018
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