por tropeços e na esperança de que uma amiga famosa pudesse lhe prover a ascensão que almejava, ela encontra a frustração ao descobrir que sua amiga pautava a sua gentileza de acordo com a quantidade de reputação que as pessoas tinham na rede social. Ocorreram diversas intercorrências durante o episódio que só agravaram a situação da protagonista, a qual no fim do episódio, desiludida, faz um discurso público, durante o casamento de sua amiga, sobre a hipocrisia e a liquidez vigente na sociedade, consumando um ato de contracultura que causou a sua prisão e silenciamento por completo.
O episódio se destaca por suas críticas viscerais à liquidez dos relacionamentos na era moderna, na qual dinamizada pela tecnologia que cada vez mais reduz o tempo de suas atividades gerando um processo de estresse e utilitarismo da realidade. Hoje, a percepção da realidade, e portanto da estética e moral, avança em uma redução ao materialismo mercador de valoração dos objetos visando o lucro, semelhante ao paradigma de Nosedive. Paulo Leminski afirma que a arte está deslocada em um mundo utilitário burguês e que sua resistência ao processo de mercantilização e ornamentação se dá fortemente através da literatura. Essa, que é arte feita de símbolos, sempre será política e moral, pois se utiliza de palavras, um signo social. É possível enxergar uma linha de continuidade da literatura em ambientes virtuais e cinematográficos, pois assim como existem narrativas e contos semelhantemente existem filmes e séries. Esses seriam uma espécie de curta-metragem pautados em enredos escritos. O episódio sendo figurativamente relacionado a um conto, devido sua brevidade, intensidade e tensão que segundo Júlio Cortázar (CORTÁZAR, 2006) é o tripé sustentador de um bom conto, poderia ser visto como uma obra de arte que se rebela contra o mundo, promovendo uma “antítese social da sociedade” (LEMINSKI, 2012). O conceito de Nelson Goodman de “quando seria arte” poderia ser encontrado no limiar em que um episódio promove uma vasta