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o ressoar da aia

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Esposas estéreis que, uma vez por mês, durante o período fértil, passam pela “cerimônia”, na qual as aias são estupradas numa tentativa de engravidá-las.

Muitas vezes sob o ponto de vista de Offred, que é uma aia, a adaptação para a televisão fez e está fazendo muito sucesso entre os fãs e a crítica. Em 2017, The Handmaid’s Tale ganhou 6 prêmios, incluindo o Emmy de Melhor Série Dramática. Em 2018 o número cresceu; foram 13 prêmios, incluindo o Globo de Ouro de Melhor Série Dramática. Para 2019, já temos a terceira temporada confirmada.

Em seu livro “O que é arte?”, Tolstói (2013) faz uma crítica às teorias estéticas do seu tempo por não darem à arte a condição de contagiar os sentimentos do artista. Na série em questão, como produção artística, e não levando em consideração apenas o roteiro da obra, a expressividade e representação dos sentimentos é amplamente valorizado. Com uma direção de fotografia impecável e figurino coerente, a série valoriza cada sensação que precisa ser passada ao telespectador. A seleção das atrizes e atores também não poderia ser melhor. As atuações, em conjunto com os fatores citados anteriormente, fazem da série uma obra prima, e tem tido o devido reconhecimento.

Ainda, Tolstói (2013) afirma que a arte contribui para o progresso moral da humanidade e que ela tem um papel a desempenhar na sociedade. Tomando essas afirmações como verdades, é possível assegurar que The Handmaid’s Tale cumpre esse papel. Ao longo de toda a série há um tom crítico com relação aos regimes totalitários e as consequências mais extremas que podem ser causadas por estes e, talvez, o que mais assusta na série é a sua veracidade; são questões muito atuais. O crescimento da extrema direita e do conservadorismo que vemos atualmente fez com que a história do livro e da série começassem a fazer sucesso (novamente). Em alguns países, inclusive, é possível perceber regimes similares ao da República de Gileade.