No entorno das casas, plantações de oliveiras, tomates, pepinos e pistache já estão dando os primeiros frutos. “Temos tido muito apoio de organizações de mulheres do exterior, todas querem que esse seja um projeto de sucesso”, diz Haval.
Ela sabe, no entanto, que pode enfrentar problemas nas comunidades locais. “Se os islamistas políticos se opuserem ou tentarem nos atacar, nós sabemos nos defender”, diz. Ao seu lado está Siham Ali, uma ex-guerrilheira de 40 anos que atua como guarda de Jinwar. Passa o dia na portaria da vila, armada com um AK-47. Ela, no entanto, diz que não vai se juntar ao grupo. “Sou casada e feliz, não quero largar meu marido”, conta rindo.
A família de Djila Abdula, a jovem curda que agora está morando permanentemente aqui, não gosta da ideia de ela estar sem marido e morando apenas com mulheres. “Eles não aceitam minha decisão”, diz ela. “Mas aqui sou mais feliz, posso fazer o que quero e não preciso seguir as ordens de um homem, como era com meu marido.”
O maior sofrimento de Djila neste momento é a saudade dos três filhos. Pela tradição local, se a mulher decide abandonar o marido, a família dele pode ficar com os filhos. Foi o que aconteceu com ela. Os dois meninos e uma menina permanecem no Iraque. Ela não os vê desde que terminou o casamento. “Um dia eles virão viver aqui comigo”, diz ela.
As mulheres de Jinwar ainda não decidiram até que idade os filhos homens das moradoras podem permanecer na vila. Algumas defendem que até os 14 anos, outras, até os 16. “Essa é uma questão que vai ser decidida de forma democrática, entre as mulheres, mas em algum momento os meninos terão que partir”, diz Haval.