Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume Especial COVID-19 | Page 69

Podemos perceber que, a alteração do uso de substâncias está associada as situações de estresse vividas em tempos de pandemia. De acordo com o Professor Colaborador Médico do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do GREA (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas), Dr. André Malbergier:

Esse é um modelo bastante antigo, no qual as pessoas buscam nas substâncias o que chamamos de coping, uma palavra em inglês que tem associação com a maneira de enfrentarmos os problemas e também com a nossa resiliência. É a forma como reagimos às situações de estresse, ameaça, ansiedade e desconforto emocional. Algumas pessoas respondem a esses sentimentos negativos através do uso de drogas, e é o que a gente tem percebido nessa pandemia; as pessoas acabam usando drogas mais sedativas e anestésicas (álcool e maconha, por exemplo) e usam menos drogas estimulantes, principalmente porque não estão ocorrendo as famosas raves e festas – locais que têm maior índice do uso de êxtase ou ácido. Então, sim, é uma forma de sedação, de anestesia e de reação a esses sintomas negativos ligados a sofrimento, ansiedade, estresse, imprevisibilidade – não sabemos quando vai acabar, não sabemos se vamos nos contaminar ou se as pessoas que gostamos vão pegar o coronavírus também. (p1, 2020)

O próximo gráfico traz uma representação acerca do número de dias de insônia vividos ao longo da semana. Percebemos uma quantidade significativa de respostas assinaladas no campo "0", representando 50% da amostra. No que tange o restante das respostas, observamos alguns picos com mais de 20 respostas assinaladas em três e sete dias de insônia:

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PATHOS / V.. Especial , Set. 2020 68