Esse cuidado e rigor metodológico desenvolvido vai ao encontro do que Costa e Viegas (2010) defendem enquanto pesquisa empírica:
Defendemos que o investigador não faça, simplesmente, o mundo do outro caminhar em sua direção, pois nesse caso, o pesquisador pode, confortavelmente, continuar centrado em sua posição (em sua tolerância). A exigência é bem maior: é utilizar as palavras do pesquisador para descrever o mundo do outro, tal como este o vivencia, o que requer que o pesquisador transite no território alheio. Nele não cabem todas as perguntas que circulam no mundo do pesquisador, mas sim aquelas que fazem sentido no mundo do outro (p. 250).
O roteiro que o pesquisador irá percorrer pode levá-lo a ultrapassar os limites de sua área de conhecimento (...) Assim, se o que justifica a pesquisa no campo é o contato com o fenômeno tal como ele se dá, (e não como ele é produzido em condições artificias), o investigador ao realizar o seu trabalho, deve se deixar levar pelo processo, o que significa muitas vezes, o encontro com histórias que se cruzam, mas, necessariamente, que não tem relações causais, que complexificam o entendimento. Por conseguinte, o pesquisar de campo não é aquele que, ao final, demonstra alguma coisa, mas é aquele que, ao apontar novos indícios, cria incertezas. (COSTA e VIEGAS, 2010, p. 242).
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PATHOS / V. Especial , Set. 2020 21