Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 12 | Page 36

Os autores reforçam que a família possui papel central na estruturação dos indivíduos e, portanto, exerce uma importante influência na aquisição de modelos agressivos. Pais e responsáveis que fazem uso de punição, seja verbal, psicológica ou física, estão apresentando aos seus filhos que a violência é uma forma apropriada de resolução de conflitos (Pandovani, 2008). O desdobramento da naturalização da violência pelas crianças e adolescentes podem ocorrer tanto na reprodução imediata em suas relações sociais e comunitárias, quanto, no futuro, através de relacionamentos abusivos conforme sugere Weber (2002).

O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) apareceu como principal consequência das agressões, o qual, por definição, envolve a exposição a um evento estressor traumático, onde a vítima reage com intenso conteúdo emocional, relacionado a dor, pavor, medo e terror. De acordo com Borges (2009), um evento é considerado traumático quando se trata de "uma situação experimentada, testemunhada ou confrontada, na qual houve ameaça à vida ou à integridade física de si próprio ou de pessoas a ele afetivamente ligadas” (pag. 372). Trauma, por sua vez, define-se como um prejuízo, um estado psíquico ou comportamental desorientado, provocado por estresse mental ou emocional ou dano físico, relacionado a eventos que podem provocar medo agudo ou crônico. Por apresentar tais características, a VDCCA podem ser descritas como um evento traumático e, desta forma, estar associada ao desenvolvimento do TEPT.

Problemas de comportamento agressivo e desafiador opositivo na infância também foram observados. O Transtorno de conduta, de acordo com a DSM V, engloba atos agressivos a pessoas e animais, além de destruição a propriedades, defraudação ou furtos e sérias violações de regras sociais. Para ser categorizado como tal, as condutas necessitam ter padrão repetitivo. Sá (2009) reforça que os transtornos de conduta com início na infância são mais sérios, com altos níveis de agressão e tendem a persistir na idade adulta. As taxas são mais elevadas no sexo masculino. Já o Transtorno opositivo-desafiador (TOD) é uma síndrome que, ao se apresentar na infância, torna-se importante preditor do comportamento transgressor em jovens. Caracteriza-se por comportamento negativista, desafiador e hostil para com figuras de autoridade.

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PATHOS / V. 12, n.02, 2020 35