Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 79

No entanto, o conservadorismo não se limita aos marcos europeus, sendo também fortalecido nos Estado Unidos com a eleição da figura pública do partido republicano em 2016. Os marcos discursivos são os mesmos da direita europeia com o acréscimo do culto bélico. O posicionamento do governo estadunidense tem influenciado diversos movimentos de direita ao redor do mundo. Ao que parece nem mesmo países Latino Americanos ficaram de fora, como o recente caso brasileiro, que viu fortalecer a reação e o conservadorismo centralizado na figura de um presidente eleito em 2018, que sustenta toda uma agenda de direita cuja marca central é o discurso de ódio contra minorias, a defesa do regime ditatorial, bem como apologia e exaltação da tortura e torturadores.

Parece inevitável associar a onda conservadora como um dos resultados da crise econômica que se abateu sobre o mundo, tendo os Estados Unidos como epicentro, cujos marcos iniciais são os anos 2007 e 2008. Tanto governos tradicionais, quanto progressistas, todos de conciliação de classe, não foram capazes de dar respostas contundentes que viessem atender os interesses da grande massa de trabalhadores e mesmo das classes médias. Desta maneira, foram identificados como responsáveis diretos pela crise gerando renovado e potente fôlego aos grupos conservadores e reacionários de direita ao redor do Globo (Arcary, 2011).

Sem incorrer em exageros, é preciso, contudo, compreender que com a crise econômica mundial aberta em 2007 e 2008 as premissas político-ideológicas neoliberais sofreram intenso desgaste. As alternativas que os governos tradicionais e progressistas apresentaram para superar a crise econômica foram políticas de contra-tendências, ou seja; flexibilização de direitos trabalhistas, deslocalizações industriais, barateamento das commodities, aceleração das inovações tecnológicas e a financeirização na tentativa frenética de conter a queda vertiginosa da taxa média de lucros (Arcary, 2011).

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