Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 111

PATHOS / V. 07, n.01, 2021 110

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Como exemplo, na última parada do orgulho LGBTQIA+ da cidade de São Paulo, datada no ano 2020, evento reconhecido como uma das maiores paradas do orgulho LGBTQIA+ do mundo, alguns nomes importantíssimos da cena, dentre eles Silvetty Montilla, foram deixados de lado pelos organizadores do evento.

O fato citado gera questionamentos e incômodos em parte do universo LGBTQIA+, por ser Silvetty Montilla um ícone da Parada do Orgulho, sendo a apresentadora oficial do evento durante 16 anos. Sua importância, biografia e reconhecimento é muito bem explicitada em seu livro intitulado: “Silvetty Montilla, 30 anos – É o que tem pra hoje !!! A trajetória do maior transformista do Brasil” (GAMBA, 2017), em que depoimentos de pessoas do meio artístico e da cena LGBTQIA+ apontam a relevância de Silvetty, como por exemplo:

 

Thiago Abravanel “Falar de Silvetty é falar de alegria, é falar de determinação, é falar de força, uma pessoa com um coração gigante e com uma qualidade para dissertar através da alegria que só ela é capaz de fazer...” (pág.10),

 

 Nany People “Silvetty é uma dos maiores talentos que já vi em um palco... eu diria que é uma encantadora de plateias. Não tem ninguém que não seja contaminado e arrebatado pelo talento e pelo carisma de Silvetty” ( pág 11),

 

Miguel Falabella “Silvetty Montilla resgata com imenso talento a tradição do teatro de revista. Seus números de interação com a plateia são memoráveis. Tive a oportunidade de assistir a alguns grandes momentos dessa performer que, sem dúvida alguma, com um perfeito tempo de comédia, busca as raízes do nosso genuíno teatro popular...” (pág. 11).

 

Tal história marca uma época, um tempo, a conquista de espaços de fala e representatividade. Será que isso poderia algum dia se perder? Acreditamos que não! Contudo a velocidade das informações e o consumo frenético das mesmas, vivida hoje na contemporaneidade, poderia levar a perdas significativas acerca de senso de pertencimento e reconhecimento de pilares fundantes de nossas histórias.