Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 9º Volume | Page 6

PATHOS / V. 09, n.02, 2019 05

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Editorial

Após a publicação do último volume (v.8 n.1 jan. 2019), no qual nos posicionamos crítica e eticamente frente ao governo que havia acabado de assumir o poder, com promessas de campanha relacionadas a violações de direitos fundamentais, a Revista recebeu algumas críticas por se debruçar sobre temas relacionados à política e aos direitos humanos. Questionavam como uma revista de psicopatologia teria lastro para tratar de temas como esses, os quais, supostamente, não estariam ligados à área da saúde mental.

Como resposta a esses questionamentos, defendemos que a Pathos, em sua essência, se propõe a discutir práticas em saúde mental em uma perspectiva extramuros, não atreladas somente às instituições convencionais, como hospitais e consultórios. Não se trata de rechaçar esses campos de atuação, mas de nos debruçarmos, também, por sobre práticas em saúde mental que ocorrem em outras áreas do conhecimento e setores, como assistência social, justiça, trabalho, educação - atravessadas pelos direitos humanos.

Para além das idiossincrasias individuais envolvidas na emergência do sofrimento psíquico, o ambiente social, econômico e político pode se apresentar como protetivo ou de risco para o estabelecimento ou a cronificação de diferentes modalidades de sofrimento e, inclusive, em termos da produção ou agravamento de alguma psicopatologia.

No mês de Maio comemoramos quatro anos de existência da Pathos: Revista Brasileira de Práticas Públicas e Psicopatologia. Nesse tempo, publicamos nove volumes, totalizando 49 artigos e relatos de prática. Os temas dos trabalhos estavam relacionados à clínica psicanalítica, aos equipamentos de saúde pública, às pessoas privadas de liberdade, do atendimento clínico às vítimas de violência sexual, população em situação de rua, as questões de gênero, dos direitos da população LGBT+, de adolescentes em conflito com a lei, do movimento de ocupação das escolas por secundaristas, entre outros.