Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia 10º Volume | Page 57

CONCLUINDO O PERCURSO... COMO TUDO TERMINOU...

Iniciar uma conversa para se concluir um percurso de pesquisa não é uma tarefa fácil. Não há começo absoluto ou ponto final para o discurso. Um dizer tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis. Então, o que dizer depois de todas estas análises?

Assim, identificar os fatores que contribuíram para que estes adolescentes abandonassem o ambiente educacional de forma precoce, me surpreendeu, pois em alguns enunciados discursivos, eles se referiram às suas vidas escolares, pautadas por momentos de agressividades e de tranquilidades, de alegrias e decepções, onde, ao mesmo tempo em que criticam os espaços escolares, elogiam-no, onde em determinados momentos não reconhecem a autoridade dos professores com os quais estudavam, em outros referem que mantinham bons relacionamentos com os mesmos ou com os seus pares com os quais estudaram. Assim, as trajetórias dos sujeitos aqui analisados, mostraram-se permeadas, tanto de experiências negativas no ambiente educacional e pessoal, quanto positivas.

A escola demonstra-se despreparada, a família se sente incapaz e “apedrejada”, por isso se afasta, resiste, não conseguindo manter-se como espaço onde se constrói relações sociais. Os laços são rompidos e onde deveriam ser cuidados, são abandonados ou colocados em segundo plano em detrimento da busca pela sobrevivência.

O grande desafio é discutir formas para superar o distanciamento entre o discurso oficial e as práticas cotidianas. Documentar as experiências inovadoras e apoiar os programas que trabalham com crianças e adolescentes, também seria um grande avanço neste sentido. Investir ainda mais em pesquisas, também nos ajudaria na reflexão de temas importantes à qualidade de vida destes sujeitos e melhorias nas instituições pelas quais circulam, incluindo-se aqui a escola, pois como todas as demais questões relacionadas ao ser humano às questões que envolvem a adolescência merecem ser tratada com respeito, ética e profissionalismo.

A Socioeducação é um desafio a cada dia, e as Instituições socioeducativas tem em suas mãos propostas para o atendimento socioeducativo, o que deverá se constituir a cada dia numa nova história, numa nova análise a ser realizada por outros e novos olhares. O meu se encerra aqui por ora, na certeza de que outras vozes se entrelaçaram nestas análises, abrindo caminhos para outros diálogos.

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PATHOS / V. 10, n.03, 2019 56