Paradidático - O Outro em Mim Paradidático - O Outro em Mim | Page 38
tempo lhe tirou um sorriso.
-
Obrigado. - disse mesmo sabendo que não seria compreendido.
Dias de calmaria?
Os dias que se seguiram foram “melhores”. O estranhamento
inicial aos poucos foi passando. Lorenzo se juntava aos demais espanhóis
acampados na vila algumas horas do dia e Amayal fazia o mesmo com
seus vizinhos. Desta maneira aos poucos ambos os lados foram
aprendendo maneira e palavras para se comunicarem, mesmo que de
maneira rudimentar. O jovem colhia o pouco milho que voltou a crescer
em sua minúscula plantação, a chuva que Tlaloc enviou meses atrás
trouxe vida novamente as plantas. Lorenzo o ajudava na colheita e trazia
também alguns alimentos que os espanhóis adquiriram nos intercâmbios
entre as vilas e a capital. O mantimento que Amayal havia escondido
para sua fuga foram perecendo, e sem muita escolha eles tiveram de
consumir, lhe restava apenas alguns grãos de reserva. Mas o jovem não
havia desistido de sua fuga. Em seu coração ele sabia que não poderia se
aquietar, Lorenzo parecia bom, mas no fundo algo lhe dizia que esses
homens não eram dignos de confiança. Em uma noite ele pegou uma
trouxa com o que lhes restou e tentou fugir enquanto o espanhol dormia,
não que ele fosse um prisioneiro dentro de sua própria casa, mas sabia
que sair de lá não seria uma coisa fácil, e estava certo. Assim que pisou
para fora de casa viu dois espanhóis andando por entre as casas, estavam
fazendo rondas… Visitantes não rondam as casas de seus anfitriões, mas
ladrões sim. Naquele dia Amayal percebeu que realmente havia algo
errado. Apesar de não serem proibidos abertamente, ele sabia que os
moradores da vila não estavam livres para sair.
Desde lá ele estava quieto, planejava uma maneira de tirar Yolotzin
dali o mais rápido possível. Ele acordava, trabalhava na colheita, fazia a