Catarinense radicado no Paraná, Curitiba está presente em sua obra nas cores e nas pessoas.“ Se você sair fotografando Curitiba, vai ver que ela é muito colorida. Se você fotografar a XV, tem muita cor nos prédios. E as pessoas, por outro lado, são introspectivas, quase personagens da minha obra. Têm aquele ar blasé que eu gosto e que existe nas figuras dos meus quadros. Quando você olha a boca e o olho, estão sempre meditando, distanciados. Meus quadros têm isso: a cor e o distanciamento das pessoas de Curitiba.” Mas as cores, Luiz tira também das memórias da infância.“ Eu morava numa cidade pequena e gostava quando chegavam os carros coloridos do circo ou dos parques de diversão.” Nessa época, fazia esculturas. Algo que ficou 40 anos esquecido e retomou agora. Parou durante um ano mais ou menos o trabalho com pintura e foi esculpir. Foi uma forma de destinar parte
“ Meus quadros têm a cor e o distanciamento das pessoas de Curitiba”
“ Curitiba das Artes”, uma homenagen à cidade. A maior obra do artista, medindo 5X1,80m
da quantidade de lixo que produz.“ A xícara é uma peça de família, as engrenagens são relógios antigos; os pincéis, os pincéis que eu uso”, enumera ele, apontando os elementos.“ Internamente”, finaliza,“ são estruturas feitas de sucata”. Utiliza, em sua técnica, várias camadas finas de tintas sobrepostas.“ Uma maçã, leva cinco dias, dezenas de maçãs, levam meses.” Enquanto não enverniza, considera o trabalho inacabado.“ A técnica que eu uso permite que eu possa ir aumentando o detalhamento, o realismo. Vou pintando indefinidamente, até envernizálos.” Autodidata, as técnicas que Luiz utiliza – como a das camadas e a tromper l’ oeil –, aprendeu observando obras em museus e gravuras pelo mundo, e praticando depois nos seus dois ateliês, no retorno a Curitiba.“ O máximo que eu fiz quando comecei a pintar foi aprender o que era solvente. Todo o resto foi na observação.” Nem quando dorme a mente de Luiz fica parada, porque às vezes vem o sonho e influencia o trabalho
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