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parecia não poder querer outra coisa mirrada que não fosse aquilo: aparecer no Paraná TV, na capa do Caderno G e lotar o Guaíra. No entanto, qualquer banda deste submundo autofágico, mesmo que fosse a mais bonita da cidade, jamais ganharia“ a principal matéria da Segunda Edição” se não tivesse pisado no eixo. É que, no fundo, no fundo, Curitiba, esta malvada, continua tendo a mesma alma da menina interiorana que sonham em ser artista no interior do Paraná: São Paulo e Rio dão visibilidade, a cidade acata!
E então veio aquele plano sequência, e as consequências você já sabe: sem carona no Balão Mágico, a Banda alçou o seu próprio voo – literalmente! – e saiu dessa fossa: apareceu no Paraná TV, foi capa do Caderno G e lotou o Guaíra.“ Isso, de lotar o Guaíra, foi simbólico! Foi muito emocionante, mais que o primeiro show em São Paulo, porque é em casa, para os amigos próximos, família, pessoas próximas”, elenca Vinícius, que nasceu em Curitiba. Só que, paradoxal e repentinamente, aquilo tudo já tinha se tornado bobagem, irrelevância, café pequeno. O que seria aparecer na ÓTV no dia seguinte à postagem do clipe, comparado ao clichê – quase tão emblemático quanto irrealizável – de aparecer no Fantástico dez dias depois?“ Tudo que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar”, diz a letra Lua de Cristal, que Uyara cantou com o Leo para a turma dela da faculdade no primeiro dia de aula.“ Quem sabe tudo que se pode querer?”, pergunta Submundo Autofágico, a música que a ouvi tocar no dia que eu a conheci.
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