A culpa não é nossa!
A cada 11 minutos, um estupro é cometido no Brasil. No entanto, apenas 1% dos agressores são punidos. As vítimas são obrigadas a conviver com os medos e as marcas que a violência sofrida deixam no corpo e na alma.
O maior medo de muita gente, independente de cor, raça ou religião é ser estuprado.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, 85% das brasileiras entrevistadas tinham medo de sofrer esse tipo de abuso. No entanto essa prática é recorrente em
nosso país. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (ABSP) em 2015 o Brasil registrou um estupro a cada 11 minutos. As estimativas variam, mas em geral calcula-se que estes sejam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem, ou seja, o Brasil pode ter a taxa de quase meio milhão de estupros a cada ano. Somente 15,7% dos acusados por estupro foram presos (Dados do estado de São
Paulo, referentes aos meses de janeiro a julho de 2017).
A vítima convive com marcas visíveis e ocultas, que afetam sua saúde física e psíquica. É comum que as sobreviventes do abuso desenvolvam estresse pós-traumático, depressão e crises de ansiedade. O tratamento psicológico e outros cuidados de saúde tornam-se os principais caminhos para que essas pessoas reencontrem seu lugar no mundo, após passar por tal brutalidade.
Um dos fatores entre tantos que dificultam essa superação do trauma é a impunidade do agressor. Apenas 1% dos agressores são punidos. O que causa muito receio por parte da vítima, por saber que seu agressor fica impune e podendo fazer o mesmo com outras pessoas. Às vítimas, é reservada a condenação, pois a sociedade, geralmente,
saber que seu agressor fica impune e podendo fazer o mesmo com outras pessoas. Às vítimas, é reservada a condenação, pois a sociedade, geralmente, culpa-as pela violência sofrida, revelando cada vez mais a Cultura do Estupro. De acordo com um levantamento do Datafolha, um em cada três brasileiros concorda com a frase: “A mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada”.
Além do trauma, as vítimas têm que conviver com o julgamento da sociedade, tendo muitas vezes que ter provas concretas de que foi violada, pois só sua palavra não basta. A estudante de matemática de 23 anos que prefere não se identificar passou por uma situação exatamente assim. Ela foi estuprada em um ponto de ônibus quando voltava de uma festa, seu agressor nunca foi identificado. A todo o momento escutava coisas como: “Você bebeu?”, “Também pudera, se estivesse em casa isso não teria acontecido.”, a cultura do estupro tenta o tempo todo culpar a vítima. Para a estudante a impunidade e falta de preparo dos profissionais da policia só piora a situação: “Fui na delegacia e lá o delegado me fez perguntas que pareciam me culpar o tempo todo, pareceu não acreditar no que eu dizia, demostrando um comportamento completamente machista. É tão doloroso saber que talvez o cara que me violou nunca será preso, e outras meninas vão passar pelo mesmo que eu passei. Eu espero que num futuro não distante as mulheres não sejam culpadas pela sua própria dor, como se andássemos por aí pedindo pra ser estupradas. “conclui.
Eliane B. Cerqueira Da Silva